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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Feminismos, modos de fazer, modos de pensar

Desde o século XIX, os movimentos feministas vêm alertando para as tragédias sociais do Brasil. Tema é discutido na Revista de História de fevereiro

Rodrigo Elias

Cinco mil mulheres morrem no Brasil, por ano, vítimas de feminicídio – isto é, em decorrência de conflitos de gênero. Foram 50 mil pessoas assassinadas entre 2001 e 2011 única e exclusivamente pelo fato de serem mulheres. Anualmente, são registrados no país 50 mil casos de estupro – um tipo de crime que é subnotificado, sobretudo porque o criminoso, em geral, é um homem próximo da vítima. Há mais registros de estupros no país do que de homicídios dolosos.

A violência de gênero é resultado direto do machismo contra o qual os diversos movimentos feministas têm se levantado, de forma organizada, pelo menos desde o final do século XIX, tendo como ideia central o fato de que diferenças de gênero não pressupõem desigualdade. Ideologia intrinsecamente de esquerda, como afirma Judith Butler, o feminismo está na vanguarda deste espectro político, lutando contra as opressões dentro da própria esquerda organizada e incorporando também lutas das mulheres pobres, negras, indígenas, de homossexuais, travestis e transgêneros.

Entender a trajetória dos movimentos feministas e incorporar suas demandas é fundamental em um país atravessado por desigualdades, que nega às suas filhas e aos seus filhos as diferenças nas formas de ser e retira de todas as pessoas que não se enquadram em um padrão heteronormativo, androcêntrico e branco a possibilidade de viver suas vidas sem serem alvos

preferenciais da violência. As ideias e as atitudes feministas são urgentes em um país que tem uma presidenta da República e, ao mesmo tempo, vê bloqueada por força da “opinião pública” a discussão sobre a descriminalização do aborto — o que o leva para a ilegalidade e, assim, mata milhares de mulheres todos os anos.

Os feminismos podem, hoje, nos ajudar a construir caminhos que sejam mais justos.

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