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quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Sentido da Vida


Minhas lembranças à Sueto.
Se ela tiver inspirada...pergunte-lhe qual o sentido da vida. Vou confiar nela.
J.


... Vou perguntar mas preciso pegá-la de jeito... não temos conseguido sentar juntos para escrever...
Sueto, aliás, me suscita várias dúvidas... poderia começar pela dúvida se existe, mas existe, sim, costuma ficar o dia inteiro pela casa, não é, assim, um ente de minha imaginação... imaginação talvez seja pensar que ela escreve, que se expressa... é aí que realidade e ficção se dão as mãos... talvez transfira para a Sueto, para que diga com seu jeito felino, algumas coisas que não teriam graça se ditas por mim... talvez....
Quanto ao sentido da vida me arrisco a dizer algumas palavras, palavras que talvez pudessem ser dela.
Por exemplo, o sentido da vida será o mesmo para humanos e felinos?
Temos necessidades que parecem ser comuns, temos mesmo semelhanças tão grandes que nos permitimos supor que os gatos estão se humanizando ou nós nos transformando em felinos.
Mas estas semelhanças tem um limite.
É quando este limite parece ser transposto que nos atinge o desassossego.
Compartilhamos muitas coisas, os espaços da casa, às vezes a comida, em alguns casos até a cama.
Os felinos andam à nossa volta, movimentando-se ou, como é típico deles, permanecem estáticos em lugares que podem ser os mais inesperados, como se fôssem estatuetas ornamentando o ambiente.
Nestes momentos pergunto-me se o sentido da vida não é comum, afinal estamos juntos respirando o mesmo ar e vivendo o mesmo mistério .
Toda a história humana, toda a evolução tecnológica, não permitiram até hoje fornecer ao homem respostas para questões relevantes.
O sentido da vida, por exemplo.
Neste ponto não sei se estamos adiante dos gatos.
Observando a Faluja que me segue por todos os pontos da casa me pergunto até se ela não está mais próximo desta resposta do que eu.
Quanto à Sueto nem falar.
A impressão que me dá, acomodada em sua almofada como uma esfinge, é que já conhece o sentido da vida há muito tempo mas não deixa transparecer nenhum indício e o guarda para si. Por isto, talvez, detentores deste conhecimento, os gatos nos pareçam tão circunspectos e apenas vagamente interessados no que se passa ao redor.

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