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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tommaso, meu primo italiano

Através do blog Podeisso (*) chega a notícia :
Tommaso é um gato preto de quatro anos que tinha tudo para 'dar' errado na vida, se acreditasse em superstições. Mas aconteceu exatamente o contrário. Ele acaba de herdar cerca de 10 milhões de euros (R$ 24 milhões) de sua dona, identificada apenas como uma viúva de 94 anos de idade. A idosa morreu na Itália em novembro e deixou para o gatinho essa humilde fortuna.

O testamento foi escrito um ano antes da velhinha morrer. Ela havia pedido para seus advogados que procurassem uma entidade protetora, mas nenhuma foi aprovada. A viúva conheceu então Stefania, uma enfermeira que também gostava de animais.
Stefania acabou trabalhando com a senhora e com Tommaso até a morte dela, quando descobriu que havia herdado os milhões para cuidar adequadamente do gato 'orfão'.

Preciso conferir se Tommaso não é meu parente. Se à noite todos os gatos são pardos, todos os gatos pretos tem parentesco.

(*) http://br.omg.yahoo.com/blogs/podeisso/

sábado, 10 de dezembro de 2011

Kafka à Beira Mar


Agora estou muito ocupada em ler.
Preciso, antes de mais nada, saber se o livro tem alguma coisa a ver comigo. De início tem Kafka ( meu autor predileto) e a minha foto.
Assim  que esclarecer estes pontos e estiver mais dispónível volto a escrever.
Abraço a todos
SUETO

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Viagem a Portugal


Outro dia deparei-me com a Sueto olhando esta foto.
- Que foto é esta? , perguntei-lhe.
- Ora, mas então não sabes?

Notei algo diferente na forma como Sueto pronunciou a pergunta, mas não pude detectar do que se tratava.
- Te confesso que não estou me situando.
- É de minha viagem a Portugal.
- A Portugal?
Sabia que Sueto, num dado momento de sua vida, tinha feito uma viagem mas não sabia que tinha ido a Portugal.
- E como foi, gostaste?
- Muito... achei os gatos de lá muito cultos.Na foto estou fazendo a saudação felina a um deles.Podia até conversar de literatura.
- Literatura?!
- Sim, claro, qual o espanto?
- Nada, nada, é que não é muito comum gatos gostarem de literatura.
- Em Portugal, sim. Em parte deve ser decorrência dos grandes escritores que tem.
- Tens razão.
- Pois.
- Pois, o quê?
- Nada, estou aqui a pensar.

Decidi não insistir. A foto parecia lhe trazer lembranças muito vívidas e Sueto, já agora totalmente mergulhada em seu mundo particular,não iria mais me dar atenção.

foto Flora Vasconcelos - Portugal

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Meu Filme Favorito

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

As Máscaras de Veneza

Sueto tem uma predileção toda especial por Veneza.
Já tinha comentado com ela que fiquei com a impressão de que Veneza tinha me parecido um ambiente propício para gatos e, embora isto possa ter mudado, lembro de vê-los presentes em muitas situações.
Há muitas coisas na atmosfera da cidade com as quais Sueto se identifica. As vielas estreitas, os canais, as pontes, o casario antigo, Vivaldi, Casanova, Thomas Mann e a Morte em Veneza de Visconti.
Mas, em particular, há também o Carnaval e o seu clima de farsa, de teatro.
É um momento de metamorfoses, de invasão de seres híbridos, surgidos misteriosamente de sob a superfície do cotidiano.
São seres os mais variados, normalmente apenas poéticos, outros, no entanto, bem bizarros, meio gente, meio animais.
Alguns visivelmente são humanos e apenas recobrem o rosto com uma máscara. Mas, em certos casos, fica no ar um mistério. Sueto se sente atraída de tal forma por Veneza que imagino se não teria com a cidade um vínculo mais forte. É quando, levado talvez pela imaginação, tenho a sensação de que os seres que me olham por detrás das máscaras, seres que noutras circunstância nos pareceriam absolutamente desprovidos de mistério, escondem alguma revelação, alguma relação mais profunda com a natureza.
Tenho a sensação , até mesmo, que em algum momento é a própria Sueto a me fitar com um olhar enigmático, ao mesmo tempo felino mas também evocativo de outro reino.
É quando me vem à mente os versos de Rilke.
Est-il d'ici ? Non, des deux. empires naquit sa vaste nature.

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As Time Goes By




Surpreendi Sueto novamente submergida em suas pequenas depressões a ouvir As Time Goes By.
Tenho quase certeza de que deve estar a lembrar de algum namorado mas , até hoje, nunca me revelou nada a respeito de sua vida amorosa.
Tudo que sei é que deve ter tido uma ou duas paixões bem fortes pois nas duas ocasiões, para meu desespero, desapareceu por um par de semanas e nas duas retornou grávida.
A primeira ninhada, 3 filhores, perdeu atacada por um cão traiçoeiro que tinha em casa.
A segunda, creio que 7 filhotes, fui doando gesto do qual me arrependo pois não fiquei com nenhum deles.
Sueto talvez se ressinta disto também, de não ter agora que já não é uma mocinha, uma cria sua. Como não sou mulher talvez, também, deve haver um território dos sentimentos de Sueto no qual não consigo penetrar e não posso, assim, ajudá-la como devia.
O pior é que vendo Sueto assim, também eu me sinto triste.
E evito de olhá-la nos olhos não só para não me sentir ainda mais culpado como para evitar constatar, por mais improvável que possam achar, que há lágrimas em seus olhos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Os Dilemas de Sueto


Sueto vive um tipo de dilema.
De seu círculo de relações felinas Motzie e Ellen são fêmeas sem falar de Falujah, é claro. O único macho, Nermal, na foto acompanhando o blog da Sueto,  é castrado, talvez gay.
Resta Feijão mas está muito longe e não tem tido notícias dele.
Com Motzie teve uma espécie de atração que a deixou um pouco abalada.
No telhado há muito tempo não aparece nenhum pretendente e, eventualmente, algum  que tenha  aparecido foi prontamente rechaçado por P.R. que pretende ser seu guardião.
Considerando que se torna cada vez mais difícil conseguir parceiros Sueto procura minimizar o fato ou procura se dedicar a atividades que ocupem o seu tempo.
Mas acaba as deixando de lado entregando-se a longas horas de sono.
Não tem, por exemplo, se dedicado muito a escrever como fazia anteriormente.
Felizmente não fuma nem bebe, a não ser, quando está muito deprimida, meia tijela de leite com rum. Nestes momentos exagera também no patê de atum.
Ultimamente encontrou umas amigas humanas que tem ajudado a mantê-la animada. São amigas descontraídas, abertas e que a receberam, sem preconceito por ela ser felina, em seu círculo de conversas. 
Mas Sueto parece, depois de muito tempo, que despertou novamente para sua sexualidade e dá demonstrações de querer encontrar um parceiro.
Dá-me até a impressão de não fazer grandes exigências. Fidelidade, vigor físico já não seriam tão importantes. Parece-me que a única coisa de que não abriria mão é que este gato tivesse um certo charme e pudesse ter com ela uma conversa que ultrapassasse meras observações banais.   
Também não pretende para encontrá-lo ficar batendo pernas pelos telhados.
Queria encontrá-lo quando menos se esperasse, talvez até recolhido da rua como foi o seu próprio caso, ou surgido inesperadamente noutras bandas como Gardel, o devorador de preás.
Acho que é até com Gardel que sonha quando, no meio do sono, tem pequenos sobressaltos e murmura algumas coisas que não consigo entender.
Mas, apesar dos sobressaltos, dá-me a impressão de ser um sonho agradável pois, quando os tem, sempre acorda mais cedo e mais disposta.
É até uma pena que não os tenha todas as noites.

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Retiro de Sueto

Ainda não sei exatamente definir o que anda sucedendo com Sueto.
Sem nenhum motivo aparente voltou, depois, de muito tempo, a ouvir cânticos litúrgicos.
Perguntei-lhe o que estava sucedendo mas não me respondeu.
Apenas me disse que ia rezar pela alma de suas amigas do facebook.
Me disse também que ia orar por Motzie, Ellen e Mitiontia.
Esta gata só me surpreende...

domingo, 30 de outubro de 2011

Quartetos de Beethoven



Os quartetos de Beethoven dão a sensação de representarem um tipo de conversa com o Destino.
Por momentos, aqueles que duram a audição, alguma coisa muito poderosa se desvenda mas ao mesmo tempo se esconde à medida que o concerto avança,
O que há de se passar antes que chegue ao fim?
E vai chegar ao fim?
Este fim, por sua vez, representa o quê?
Para um simples concerto que depois de uns poucos minutos se encerra, o que se manifesta é um tipo de magia que nos transporta para os limites de nossa humana capacidade de percepção e sensibilidade.
É uma experiência a um tempo gloriosa e dolorosa na medida em que o enlevo da música se apresenta entrelaçado com a consciência não só de nossos pobres dotes de adentrar inteiramente as fronteiras deste mundo etéreo mas, particularmente, de nossa condição existencial.
É como chegar ao cume de uma longa escalada e tomarmos consciência , ali no topo da montanha tão ardentemente almejado,  que chegamos ao nosso limite e só encontrarmos em torno a nós o grande vazio das cordilheiras perfiladas ao infinito.
Sem asas para voar mas tampouco sem ver sentido em voltar à condição humana que deixamos para trás.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Os Gatos de Hemingway

Sueto hoje passou o dia pensativa. Falujah , a hóspede, como é de costume fica andando de um lado para o outro sem encontrar um paradeiro. Num dado momento está quase arrombando a porta que dá acesso à escada que leva ao terraço e, no momento seguinte, está fazendo o caminho inverso e novamente forçando a porta para entrar.
Sueto acompanha esta agitação indiferente.
Apenas consegui chamar um pouquinho sua atenção quando falei de Hemingway.
Muito americano embora tivesse vivido em Paris e adorasse Cuba..
Adorava touradas, armas e aventuras. Fazia dele próprio um personagem literário e escrevia novelas  ao gosto do cinema americano, não é por acaso que várias viraram filmes.
De seus livros Adeus às Armas tem um tom narrativo que envolve. Além disto é uma história de amor e uma confissão de fé pacifista.
Talvez me dispusesse a ler de novo.
Mas o que Sueto mais demonstra gostar em Hemingway é a história da casa em que morava em Key West. Contei-lhe que quando a visitei a casa estava rodeada de gatos. Este detalhe a encantou. Embora não tenha me revelado talvez intimamente quisesse ser um destes guardiões .
A lembrança de Hemingway me surgiu porque tinha lido seu nome ( e o de Cocteau) no facebook de Motsie.
Mas Motsie não gosta de Hemingway
Pelo menos é que foi possível deduzir deste texto aparentemente escrito por sua procuradora.
 Motzie harbours an abiding hatred for Hemingway and calls him "an old sexist fraud." She is very fond of Colette and Chekhov and on occasion she dips into Tolstoy.
When I say that not all of hemingway is pi's swill, as she argues, Motzie responds with, "Quod erat demonstrandum." Com Motzie nao se pode.
Last nigh she ate mooncakes and wrote poems to the Moon Rabbit. Very unHemingwayan pursuits.

Descubro, assim, que as leituras de Motsie incluem Colette, Tchekov e avançam em Tolstoi.
Parece que gosta dos russos, talvez Dostoievski, Maiakovski...
Preciso ter cuidado ao falar disto para que Sueto não tenha uma reação inesperada mas começo a acreditar que ela está se sentindo atraída por Motzie.
Uma queixa que mais de uma vez deixou escapar é de que não encontra um gato com seus gostos culturais. Nem, principalmente, com seu senso de humor e sua incontível ironia.
Mas já a alertei para não se deixar levar por impulso. Motzei, já averiguei, tem algumas relações políticas um pouco nebulosas pelo Oriente Médio e um caso de ataque, não inteiramente esclarecido, ao cachorro do vizinho.


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mitiontia

...Mitiontia chegou num anoitecer chuvoso.Passou a tarde toda dentro de uma bolsa, até pequena, da antiga faxineira do prédio, que chegando aqui abriu e tirou aquela coisinha pequeninha .
A principio não ficaria com ela.....mas depois do primeiro miado, rouco, mais parecendo uma buzina estranha e uma tentativa de entrar no espelho e na tv, ficou.. Seu nome é Anne Marie , mas pelas tontices virou Mitiontia ( minha tonta). É muito ciumenta , fiel , amorosa com a dona...tem o hábito de dormir abraçadinha com a cabeça para fora das cobertas como a gente.... adora ser escovada e mimada. Aqui ela reina , assim é a Rainha...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

"Think carefully...."

Sueto acordou no meio da noite sobressaltada.
- Que foi? perguntei-lhe meio sonolento.  - Mais um de seus pesadelos?
Sueto tem tido sonhos intranquilos.
Segundo me revelou o que mais a tem perturbado é o pesadelo de que acorda transformada em um ser monstruoso.
-- Uma barata? perguntei-lhe inicialmente para não fugir de seus pendores literários.
-- Não, revelou-me, algo muito mais horrível.
Tinha demorado um tempo, depois de ter tido o mesmo pesadelo algumas vezes, para que eu entendesse que o "ser monstruoso"  no qual temia se acordar transformada, era um humano.
-- Mas os humanos são monstruosos assim? ainda tentei argumentar para contestar a razão de sua perturbação.
Sueto nem me respondeu o que me fêz concluir que, efetivamente, devem ser.
Sequer tentei argumentar, dentro do terreno que lhe agrada, que o fenômeno poderia ter alguma coisa a ver com suas leituras, de Kafka especialmente.
Mas o motivo da perturbação de Sueto esta noite era outro.
Era uma mensagem que acabara de receber e que, tão logo adquiri consciência saindo de meu sono, me mostrou. Dizia apenas:  
"Think carefully. Com Motzie não se brinca."
-- Motzie, quem é Motzie? ainda perguntei mas logo que me arrependi.
Sueto não respondeu .
Em vez disto, me cravou um olhar tão aterrorizante que, instado pela sua força e pelo seu desespero, em seguida me dei conta.
Motzie, o gato que dá sumiço em cães!
Agitado me levantei e permanecemos, eu e Sueto, o resto da noite insones.
E não houve mais nada, nem mesmo herbal tea , que pudesse nos trazer de volta a tranquilidade.
Isto é o que dá, pensei comigo mesmo, ficar mexendo com a natureza íntima das coisas.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Motzie se desvenda

Motzie, valendo-se anteriormente , desconfio, de uma tática elusiva, retorna através de sua porta-voz dizendo que quem se fazia passar por ela é, de fato, Camille sua irmã (foto anterior). Eis o texto:  
Motzie is sorry to hear that Gata Sueto has bad dreams. She suggests herbal tea at bedtime. As for the monstrous human being, she recommends that Gata Sueto do what she does--knead a sensitive part without retracting her claws.
That usually takes care of the problem.
She includes her photo and she apologises for her inept slave who did explain that the previous likeness was that of her sister Camille.
Now she excuses herself in order to pursue the Sausage from Hell. She thinks she can echolocate him easily.
Ao final da leitura eu e Sueto nos entreolhamos. Ambos sabemos que não se pode confiar nas gatas embora, muito menos, nos humanos.Por isto, talvez, tenhamos alcançado este grau de confiança entre nós porque, de certa forma, nos tornamos seres híbridos sem sermos nem uma coisa nem outra.




Motzie

Ha-Motzie asked me to tell you that she feels honoured by Gata Sueto's interest, but her contract with the The Office, in Tel Aviv, does not allow her to to work as a body guard for private individuals. That, however, does not keep her from making friends with Gata Sueto.
She is in very good terms with Doobie, a large black cat of uncertain parentage and Camille, an aristocratic, apple-headed Siamese.
She hers is a "pure half Siamese" and she does not discriminate against anyone other than The Sausage Dog from Hell.
She adds that Camille, who is a free agent, is trained in Asian martial arts. Unfortunately she lives in New England, which makes the value her body guard services to Gata Sueto somewhat dubious.
P.S.- Cabe esclarecer que a correspondência em questão refere-se a uma consulta feita por Sueto a respeito de contar com os serviços de inteligência de Motzie, expert em assuntos do Oriente Médio e segundo fontes, responsável por silenciar a Salsicha Infernal.  Embora esta possibilidade não tenha se concretizado em razão de compromissos assumidos por Motzie, o contato propiciou que Sueto e Motzie se aproximassem. Nas palavras de Madame Castelar, encarregada de seus assuntos humanos,"Motzie now has a friend in Brazil, a literary cat called Gata Sueto. That is why Motzie looks so smug. She cannot read Portuguese but her Hebrew is superb. So is her body language"

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Cachorro Ridículo



Para a Sueto, cachorros, com poucas exceções, são ridículos.
Ficam quase o tempo todo exercendo a propensão que lhes é própria da adulação.
Em alguns casos isto chega a extremos.
O vídeo acima permite, segundo ela, corroborar o que afirma. Seria, também, uma deprimente evidência do grau de degradação da raça canina.

sábado, 6 de agosto de 2011

A Estética do Frio


Nossa vida, em muitos aspectos, já vem predeterminada. Pelos pais, pela família, pelo ambiente econômico, social e cultural. E também pelo ambiente natural.
Sueto foi encontrada, conforme já relatei, em uma estrada, ainda com os olhos fechados, junto com dois irmãos. Um morreu, o outro, Mandela, foi adotado. Sueto, portanto, é órfã. 
No tocante ao ambiente natural, por ter nascido no sul, é preciso durante o inverno enfrentar o frio.
Sueto, no entanto, já desenvolveu sua forma própria de conviver com ele.
Nos dias ensolarados sobe para o telhado onde já tem um local preferido para ficar.
Caso contrário, refugia-se nos arredores da lareira ou do fogão de lenha. De preferência em um sofá que fica perto do fogo da lareira ou, o mais costumeiro, encostada do seu lado externo , bem juntinha dos tijolos aquecidos.     
Falujah por sua vez também descobriu o fogo. Optou por ficar na frente da lareira. E cada uma enrolada sobre o seu pano velho pois, do contrário, relutam em ficar.
Não sei se Victor Ramil , que foi buscar sua inspiração criadora na estética do frio, fala dos gatos. Mas Sueto já me perguntou sobre ele, preciso ler para ela alguns trechos de Satolep.

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Entrevista com Cleo

Após muitos contatos finalmente consegui agendar uma entrevista com Cleo. Uma entrevista curta porque ele não gosta de notoriedade. Detesta esta coisa de virar celebridade e revelou, nas poucas respostas que me deu, que lhe desgosta ter se tornado uma espécie de atração da rua. Já pensou em isolar-se no fundo da loja mas isto lhe tiraria o prazer que tem em ficar olhando o movimento e, além disto, tem uma espécie de trato de ficar ali. Quase só vê humanos ( quando não vê o enjoado de um vizinho  de uma loja ao lado ) mas isso o distrai. O vizinho do lado ao qual Cleo se refere é um outro gato, até bem parecido, que também fica parado na frente da loja. Tentei me aproximar dele mas, ao contrário de Cleo que é tranquilo, ficou muito irritado.
Mas, como disse, a entrevista foi curta.
Só me revelou, ainda, que gostaria de ter mais folga durante a semana e se queixou que dorme no banco da moto do dono da loja.
Incomoda-o, também , a plaquinha que leva no pescoço.
Sente-se como se fosse um gato-objeto.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cleo


Caminhando pelo calçadão da Conselheiro Mafra em Florianópolis encontro Cleo. 
Posta-se à entrada da papelaria ali existente recepcionando os clientes elegantemente sentado. 
Permanece imperturbável ao mesmo tempo concedendo um inesperado atrativo ao local e aparentando estar um pouco contrariado com alguma coisa. 


Não seria, por acaso, o crachá, com seu nome, que o deixa assim?
 Talvez se pergunte o que possam pensar os transeuntes. Que é um funcionário? Ou um gato de estimação do dono ou gerente da loja?
Mas não deve ser isto que parece preocupá-lo. Cleo deve estar apenas exibindo um ar de amuado, comum aliás nos gatos, para demonstrar de forma clara sua indiferença pelas coisas do mundo dos homens. Seu pensamento está longe dali.
 Ao me aproximar para entrar na loja Cleo me ignora. Peço-lhe com licença mas parece não me ouvir.
 Como não quero criar caso dou um jeito de ir passando ao seu lado cuidadosamente. 
Sua indiferença , aliás, é tamanha que tenho a estranha sensação de que não existo.
Ou existo apenas num plano inferior muito aquém daquele pelo qual os gatos costumeiramente transitam nas alturas de suas especulações felinas.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Recuerdo de Don Gato



Silvia Cabello é argentina e entre os animais de estimação que teve não esquece Samanta, uma cadela , e Don Gato. 
Entre Samanta e Don Gato estabeleceu-se um relação que transcendeu as barreiras normalmente existentes entre cães e gatos.
Segundo relata Silvia " Don Gato vivió 9 meses en el jardin de casa y ella me llevaba todos los dias a mostrarme a su amigo (con su boca me tomaba de la mano y me conducia), al cual le llevaba de su comida para alimentarlo.
Don Gato era de un color gris horrible!!!, cuando lo dejé entrar a casa y le empezamos a dar cariño, comenzo a lavarse y salieron sus colores reales, como lo ves en la foto. Era muy cariñoso y educado, nunca robo comida, ni subio a las mesas, era un Señor!! Fue un Gran Gato!! "
Falei a respeito com Sueto e ela não me respondeu nada.
Mas anda a pesquisar algumas coisas sobre a Argentina.
Está tentanto entender, por exemplo, como funciona o sistema de pontos que levou o River a ser rebaixado para a segunda divisão.
Mas percebi que ainda não tem um entendimento muito claro... 

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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sueto Heroína das Revoluções Felinas

Nunca consegui saber muito bem quais as convicções políticas da Sueto.
Por um período pareceu-me ser capitalista.
Mais tarde deu-me a impressão de não ter qualquer convicção. Mas, bem no início, me aprazia acreditar que era socialista. Foi quando escrevi:

Sueto Heroína

Encontrei Sueto na estrada
com poucos dias de vida
Tinha um irmão, Mandela, que dei
Às vezes ela canta o texto de Brecht

"Eu sou Sueto
eu vim do gueto
meu irmão é Mandela
eu sou preta
e meu irmão é preto"
Não sei se ela lê Marx
mas quero crer
que é socialista
Suspeito que esteve
na Guerra Civil da Espanha
ao lado dos republicanos
lutado no Vietnã
contra os americanos
desaparecida na Argentina
nos tempos sombrios da ditadura
para reaparecer insurgente
em Bagdá num subúrbio
Sueto heroína
das revoluções felinas


Enquanto ela canta acompanho no piano tocando melodias de Kurt Weil.
Bebemos vinho e logo ela fica embriagada.
E quando vou dormir, sob o efeito do vinho, tenho a impressão de que baixinho ela entoa a Internacional.

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quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Sentido da Vida


Minhas lembranças à Sueto.
Se ela tiver inspirada...pergunte-lhe qual o sentido da vida. Vou confiar nela.
J.


... Vou perguntar mas preciso pegá-la de jeito... não temos conseguido sentar juntos para escrever...
Sueto, aliás, me suscita várias dúvidas... poderia começar pela dúvida se existe, mas existe, sim, costuma ficar o dia inteiro pela casa, não é, assim, um ente de minha imaginação... imaginação talvez seja pensar que ela escreve, que se expressa... é aí que realidade e ficção se dão as mãos... talvez transfira para a Sueto, para que diga com seu jeito felino, algumas coisas que não teriam graça se ditas por mim... talvez....
Quanto ao sentido da vida me arrisco a dizer algumas palavras, palavras que talvez pudessem ser dela.
Por exemplo, o sentido da vida será o mesmo para humanos e felinos?
Temos necessidades que parecem ser comuns, temos mesmo semelhanças tão grandes que nos permitimos supor que os gatos estão se humanizando ou nós nos transformando em felinos.
Mas estas semelhanças tem um limite.
É quando este limite parece ser transposto que nos atinge o desassossego.
Compartilhamos muitas coisas, os espaços da casa, às vezes a comida, em alguns casos até a cama.
Os felinos andam à nossa volta, movimentando-se ou, como é típico deles, permanecem estáticos em lugares que podem ser os mais inesperados, como se fôssem estatuetas ornamentando o ambiente.
Nestes momentos pergunto-me se o sentido da vida não é comum, afinal estamos juntos respirando o mesmo ar e vivendo o mesmo mistério .
Toda a história humana, toda a evolução tecnológica, não permitiram até hoje fornecer ao homem respostas para questões relevantes.
O sentido da vida, por exemplo.
Neste ponto não sei se estamos adiante dos gatos.
Observando a Faluja que me segue por todos os pontos da casa me pergunto até se ela não está mais próximo desta resposta do que eu.
Quanto à Sueto nem falar.
A impressão que me dá, acomodada em sua almofada como uma esfinge, é que já conhece o sentido da vida há muito tempo mas não deixa transparecer nenhum indício e o guarda para si. Por isto, talvez, detentores deste conhecimento, os gatos nos pareçam tão circunspectos e apenas vagamente interessados no que se passa ao redor.

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quarta-feira, 30 de março de 2011

What if cats had thumbs?


Does your cat have amazing dexterity? Maybe your moggy possess the power to [bust] open bread bins, creep into cupboards or find their way into the fridge?
The following video shows a first instance of this phenomenon



And then look at these dramatic consequences>>>> https://www.youtube.com/watch?v=on9vqL4W6Hc

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Shop Cats"

Mama Kitty and Weasel live in New Port, Oregon with DoryMan, an human , who wrote the following text.
They love boats, as I do.
But I prefer not to be so close to the water...
Sueto


The boat shop kitties reminded me yesterday that they have never been properly introduced.

They are very loyal and helpful, being sure to sign every paint job with at least one paw print.

The tortoise shell is Mama Kitty and her yellow tabby daughter is Weasel.



M.K. occasionally walks down to the dock to supervise a trip out to the moorings when a check on the boats at anchor is in order.


"He'll be back soon, I'll just nap right here"

sábado, 5 de março de 2011

London, London

Sueto, às vezes, fica melancólica. Pensa em outros países, em viagens através do Atlântico. Pensa especialmente na Inglaterra, onde está o Homer... Nestas ocasiões agarra-se ao mascote londrino e imagina-se nos telhados de Bloomsbury... Do outro lado da sala P.R., distraído, recita:

LET us go then, you and I,
When the evening is spread out against the sky
Like a patient etherised upon a table;
Let us go, through certain half-deserted streets,
The muttering retreats
Of restless nights in one-night cheap hotels
And sawdust restaurants with oyster-shells:
Streets that follow like a tedious argument
Of insidious intent
To lead you to an overwhelming question …
Oh, do not ask, “What is it?”
Let us go and make our visit.


Sueto conhece o autor, mas não lembra o nome...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Larry, 10 Downing Street's new ratcatcher.


David Cameron has welcomed a cat named Larry to Downing Street and, after cross-party talks,rejected renaming him Winston, a figure that had both Conservative and Liberal ancestry.
The cat, aged between three and five, was chosen after a delegation from Downing Street went
to Battersea Cats Home and staff from the home carried out a suitability check on No 10.
The cat's job is to deter the rats reportedly spotted in the building. He will be allowed to roam in No 11 too.
The prime minister's spokesman said the cost of the upkeep would not be met by the taxpayer.
Downing Street said Cameron and his two eldest children were all cat lovers.
Larry, who was a stray before being taken in by the home, was described as "chilled" by the spokesman. He did reveal, however, that Battersea staff said Larry's strong "predatory drive" should mean he will be "up for the job".

Patrick Wintour guardian.co.uk
Photograph: Pool/Reuters

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Breve Visita

Hoje, enquanto remexia em meus papéis e ouvia Bach, notei a sutil aproximação de Sueto. Entrou na sala pela fresta que deixei na porta encostada e deitou-se.
Fiz-lhe um carinho com o pé o que sempre parece agradá-la mas, na verdade, talvez agrade ainda mais a mim. Em retribuição, pelo menos quero acreditar que sim, ela me deu, como costuma fazer, um leve mordida que manteve durante algum tempo.
Minha dúvida, neste momento, passou a ser se sua presença se devia a querer estar comigo, aproveitar o ar fresco da sala onde mantinha o ventilador ligado, ouvir Bach ou talvez até as três coisas.
Ia lhe fazer esta pergunta mas, quando me voltei, ela tinha desaparecido.
O que me fez concluir que das três razões que levantei nenhuma era suficientemente forte.
Nem mesmo Bach que eu sei que ela aprecia.
Tinha chegado a este ponto de minhas reflexões quando, tão silenciosamente quanto da primeira vez, Sueto voltou.
Deitou-se no soalho ( soalho pois a casa é antiga) e ficou quieta.
Ainda sem ter encontrado uma resposta para o meu questionamento preferi, desta vez, pensar que estava ali sem nenhum motivo especial.

domingo, 23 de janeiro de 2011

The Story of Archie and Spotty

Recebi hoje uma carta de Konni em que relata sua convivência com Archie e Spotty. Chamei Sueto para acompanhar a leitura da carta. Estava bem desperta lambendo o pelo. Tem boa lembrança de Konni que, em sua visita, a pegou no colo e, até por isto, ficou muito interessada em conhecer os “gatos” ingleses. Eis a carta:
"The black cat is called "Archie" and the bigger one "Spotty".
Archie always does what he wants and only cuddles if it fits with his mood, while the older bigger cat is always after affection and love (and extra food of course) and he only annoys me when he catches a bird from my garden and brings it to my door, he gets no applause for that as I love the birds too.....Last summer they both injured a very young dove whose mother disappeared for whatever reason, so I drove 1 hour to the nearest wildlife-hospital to have the dove cared for , am I mad? Maybe, but my neighbours 2 small kids (2 and 3 years old) have found the dove and wanted desperately to help, so after trying to put the bird higher up on a shed roof without success as it came down again and having not being able to feed it overnight in my conservatory (away from the cats ) I had to drive to the hospital with this bird and the kids came along and were very happy. Since that event both kids are not so sure anymore how lovely a cat can be, but of course they are and we as adults appreciate the different layers of a cats character. Archie is very clean in my garden and only shits on my compost but not on my flowerbeds-how nice of him!! They are both fascinated by the presence of my parrot and haven't figured out yet that he will not be for eating. My parrot can't see the danger and greets the cats everytime with his "good girl" speech....Now you may say why "girl" as both cats are male, that is because of the german word for cat is "die Katze"-alas female and that sticks with me. Can't get used to the english way of referring to animals like cats as "IT" instead of "he" or "she" like in the german language, they are living creatures and not things!! How is that in portuguese?"
Konni

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Donas da Casa

Ter gatos é uma constante atenção para que não tomem conta da casa.
Sueto e Faluja tem seus lugares próprios para ficarem, duas cadeiras com almofadas, mas permanentemente estão procurando ocupar outros espaços.
Nunca ocupar os lugares que lhes destinam é uma característica de todos os gatos.
Mas também parece ser, igualmente, insistir em ocupar lugares que não lhes estão destinados.
A Sueto e a Faluja, por exemplo, há algum tempo escolheram dois sofás que ficam na sala.
Cada uma um sofá diferente.
Como estão destinados ao uso humano, sempre procuro fazê-las entender e as retiro.
Mas parece não adiantar.
Mal viro as costas e, pronto, elas estão de volta.
Ficam espreitando para ver se me afasto ou se deixo a porta aberta.
Esta tarde, quando saí, foi o que aconteceu.
Ao retornar deparo-me com o quadro bem ilustrado nas fotos onde, embora flagradas no ato, a naturalidade com que encaram a câmera bem demonstra a segurança e o controle que têm da situação.
Como estou cansado até desisto de retirá-las.
Isto parece inevitável. Os gatos quando não nos ganham doutra forma, acabam nos vencendo no cansaço.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Gatinhas

Tenho me surpreendido com o número de admiradores que a Sueto tem conquistado. De todos os lugares, de outras cidades, outros estados e países.
Na foto, posando para o seu blog, a Bruna e a Panqueca.
Mostrei a foto para a Sueto ( tive que despertá-la de seu cochilo) e ela pareceu não dar muita importância para a gata. Acho que já expliquei isto anteriormente, a Sueto é muito egocêntrica para dar importância a outros gatos e embora tenha mudado bastante este comportamento, ele continua muito presente.
Com as pessoas é diferente. Ela gosta de se aproximar, de se sentir uma delas.
Por isto, sem dar atenção à Panqueca, quis saber quem era a Bruna, o que fazia, onde morava.
Expliquei-lhe tudo, que é estudante de Arquitetura e filha de uma amiga minha que mora em Santa Catarina.
Pareceu-me satisfeita mas pode ter sido só na aparência.
Em seu íntimo a Sueto ficou com ciúmes, ciúmes de não ser ela que está sendo segura junto ao rosto com tanto carinho, recebendo tanta atenção.
Tal fraqueza, no entanto, obviamente não vai me confessar .
Por isto. sem aparentar maior interesse, voltou para o seu cochilo.