Hoje, enquanto remexia em meus papéis e ouvia Bach, notei a sutil aproximação de Sueto. Entrou na sala pela fresta que deixei na porta encostada e deitou-se.
Fiz-lhe um carinho com o pé o que sempre parece agradá-la mas, na verdade, talvez agrade ainda mais a mim. Em retribuição, pelo menos quero acreditar que sim, ela me deu, como costuma fazer, um leve mordida que manteve durante algum tempo.
Minha dúvida, neste momento, passou a ser se sua presença se devia a querer estar comigo, aproveitar o ar fresco da sala onde mantinha o ventilador ligado, ouvir Bach ou talvez até as três coisas.
Ia lhe fazer esta pergunta mas, quando me voltei, ela tinha desaparecido.
O que me fez concluir que das três razões que levantei nenhuma era suficientemente forte.
Nem mesmo Bach que eu sei que ela aprecia.
Tinha chegado a este ponto de minhas reflexões quando, tão silenciosamente quanto da primeira vez, Sueto voltou.
Deitou-se no soalho ( soalho pois a casa é antiga) e ficou quieta.
Ainda sem ter encontrado uma resposta para o meu questionamento preferi, desta vez, pensar que estava ali sem nenhum motivo especial.
Todos os gatos de sensibilidade fina gostam de Bach.
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