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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Entrevista com Cleo

Após muitos contatos finalmente consegui agendar uma entrevista com Cleo. Uma entrevista curta porque ele não gosta de notoriedade. Detesta esta coisa de virar celebridade e revelou, nas poucas respostas que me deu, que lhe desgosta ter se tornado uma espécie de atração da rua. Já pensou em isolar-se no fundo da loja mas isto lhe tiraria o prazer que tem em ficar olhando o movimento e, além disto, tem uma espécie de trato de ficar ali. Quase só vê humanos ( quando não vê o enjoado de um vizinho  de uma loja ao lado ) mas isso o distrai. O vizinho do lado ao qual Cleo se refere é um outro gato, até bem parecido, que também fica parado na frente da loja. Tentei me aproximar dele mas, ao contrário de Cleo que é tranquilo, ficou muito irritado.
Mas, como disse, a entrevista foi curta.
Só me revelou, ainda, que gostaria de ter mais folga durante a semana e se queixou que dorme no banco da moto do dono da loja.
Incomoda-o, também , a plaquinha que leva no pescoço.
Sente-se como se fosse um gato-objeto.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cleo


Caminhando pelo calçadão da Conselheiro Mafra em Florianópolis encontro Cleo. 
Posta-se à entrada da papelaria ali existente recepcionando os clientes elegantemente sentado. 
Permanece imperturbável ao mesmo tempo concedendo um inesperado atrativo ao local e aparentando estar um pouco contrariado com alguma coisa. 


Não seria, por acaso, o crachá, com seu nome, que o deixa assim?
 Talvez se pergunte o que possam pensar os transeuntes. Que é um funcionário? Ou um gato de estimação do dono ou gerente da loja?
Mas não deve ser isto que parece preocupá-lo. Cleo deve estar apenas exibindo um ar de amuado, comum aliás nos gatos, para demonstrar de forma clara sua indiferença pelas coisas do mundo dos homens. Seu pensamento está longe dali.
 Ao me aproximar para entrar na loja Cleo me ignora. Peço-lhe com licença mas parece não me ouvir.
 Como não quero criar caso dou um jeito de ir passando ao seu lado cuidadosamente. 
Sua indiferença , aliás, é tamanha que tenho a estranha sensação de que não existo.
Ou existo apenas num plano inferior muito aquém daquele pelo qual os gatos costumeiramente transitam nas alturas de suas especulações felinas.