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terça-feira, 10 de abril de 2012
domingo, 1 de abril de 2012
Gabi, minha fã londrina
Não tenho como evitar o assédios dos fãs.
Esta que insistiu em tirar uma foto comigo é a Gabi. Ela mora em Londres com meu amigo Homer e veio ao Brasil com o James.
São como dizem um casal simpático.
Ele gosta muito de futebol, torcedor do Birmingham e do Manchester United e saiu com uma camiseta do Brasil, o Xavante.
Se o jogo for do Birmingham vai ser difícil vestir a camiseta xavante pois a do time inglês é azul.
Mas se for do Manchester United vai combinar e pode, das arquibancadas, ficar cantando como diz o hino, nós este ano, vamos vencer...
quarta-feira, 14 de março de 2012
Sueto e James ( II )
O interlóquio de Sueto com James não ficaria completo sem a sequência.
Decepcionada com a porção de patê de atum que lhe foi concedida, Sueto analisa a situação e decide voltar aos canais tradicionais.
Volta-se para a sua esquerda onde se encontra Giacomo.
Com ele pode, então, recorrer a métodos mais persuasivos.
Olhando as fotos pode-se acompanhar quais são.
Decepcionada com a porção de patê de atum que lhe foi concedida, Sueto analisa a situação e decide voltar aos canais tradicionais.
Volta-se para a sua esquerda onde se encontra Giacomo.
Com ele pode, então, recorrer a métodos mais persuasivos.
Olhando as fotos pode-se acompanhar quais são.
"Com estes dois não vou conseguir nada" |
"Vou me garantir por aqui..." |
Cena Final.
Sueto, polidamente como é de seu feitio, mas com firmeza, requer com Giacomo sua participação no botim.Sueto, com um leve toque da pata, pede patê. |
Sueto and James
James, o patê de atum e Sueto |
Sueto subiu na cadeira que tem junto à mesa e sentou-se ao lado de James.
- Como vai a Rainha? , perguntou.James virou-se para o lado e ficou surpreendido de ver Sueto olhando fixamente para ele. Já ouvira dizer que há animais que se comunicam mas era a primeira vez que se deparava com um deles.
- Bem, quero dizer, acho que vai bem.
- Você não fala com ela?
- Falar? Não, as pessoas comuns não falam com a Rainha.
-E você é uma pessoa comum?
- Bem, acho que sou. Quero dizer, isto depende. Para algumas pessoas, meus amigos, colegas, sou uma pessoa legal.Para a Gabi devo ser quase perfeito.
- Legal quer dizer o quê? Que anda dentro da lei?
- De certa forma...Do contrário estaria preso, completou com um sorriso.
Neste momento Sueto ficou pensando se a resposta de James seria humor inglês.
Mas prosseguiu.
- Está querendo dizer que no Reino Unido quem não anda dentro da lei vai preso?
- Sim, acho que sim...Bem, pode haver exceções.
- Pois no Brasil isto é a regra.
- Ir preso?
- Não , ficar solto.
- Está querendo me dizer que no Brasil não há leis?
- Não, leis há demais. Mas só se aplicam a alguns. Ouvi falar que gatos, por exemplo, nunca são presos. Estes gatos recebem até um nome especial, são gatunos. Isto me deixa tranquilo, é uma das razões pelas quais gosto de morar no Brasil.
- E não gostaria de ir à Inglaterra?
- Não sei. Talvez para ver a Rainha. Gosto de ver estátuas.
James, ao ouvir esta observação, ficou sem saber se tinha entendido.
Não era exatamente um defensor da Rainha nem da família real, mas precisava se certificar do que Sueto queria dizer. Por isto retrucou.
- Mas a Rainha não é uma estátua.
- Eu sei, pelo menos não no sentido usual do termo.
James novamente ficou em dúvida quanto ao significado do que Sueto dizia. Isto nem sempre é muito fácil em se tratando de gatos.
- Pardon... disse "sentido usual"?
- Sim, porque as estátuas ficam imóveis e a Rainha anda.
E enquanto James pensava se respondia, Sueto continuou.
Será que a Rainha gosta de gatos?
- Pois não sei.
- Queria também ver o Homer... E conhecer o Larry.
-Larry?
-Sim, não conhece?
- Acho que não.
- Larry mora em 10 Downing Street.
Foi adotado do Battersea Cats Home
- Veja só, não sabia.
- Pois é, mas o detalhe é que o adotaram para pegar ratos. Não imaginava que houvesse ratos em Downing Street...
- Bem, acho que às vezes aparecem alguns.
- E são grandes?
- Enormes... quero dizer, pelo menos considerando o tamanho de um gato
- São do tamanho de um gato!
- Sim, podem ser bem maiores.
- Então é por isto que escolheram Larry. Segundo consta em seu currículo ele tem um "strong pedratory drive".
- Então, neste caso, deve servir.
Sueto no seu lugar à mesa |
-Está bom este pão?
- Sim, muito bom, quer um pedaço?
- Não, não ... Mas aceito lamber um pouco de atum.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Cats for Re-homing :"Marmite"
Marmite is a long haired quiet puss, once he gets to know you he wants to be your best friend.
He was re-homed last August to a lovely home, unfortunately his new owner has realised he has an alergy and has had to return him to us for re-homing yet again.
Marmite would really love to find another home as soon as possible, isn't he lovely...
These are all cats that really need good forever homes, give us a call, or email if you would be interested in adopting one of these beauties.
Please don't call if you aren't serious, these cats need permanent homes, some have been waiting for months.
Thanks
By: Swale Cats Protection
The Story of Shy
Hi, nice to see "shy" in a blog, and a nice name too! This is her story: 1 1/2 year ago she moved in on ouer boat. The boat is placed on island Hasseløy close to a museum. Lots of wild cats there. It is possible for Shy to go inside the boat and sleep hot and safe on woolcarpets, pillows and so. Not allways so fun for us with cathair all over . Normaly she leaves the boat when we enter and we look after her to make sure she has left. But two times she came along out at sea and showed herself, seasick and screaming. So we must return to this island, but we leave her on the other side of the island, - and Shy walks all the way back and allways appears in our boat again. We dont feed her, but she looks well fed and healthy so we are sure she gets food somewhere. If you look in this album, you will see ouer boat Hilton with a blue cover, Shys wintherhouse
..
"Shy"
Sueto sabe muito pouco sobre ela.
Exceto que é fêmea e gosta de ficar em um barco ao que parece na Europa.
Sabe também, segundo o dono do barco, que é uma "shy wildcat".
Por isto decidiu chamá-la Shy.
Mas vive solta ( wild) por que?
Parece tão sociável.
Sueto caiu de amores por ela mas, de fato, queria que fôsse um gato.
.
domingo, 22 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Fernando Pessoa
para a Madalena Marques
"Não há que buscar em quaisquer dos textos idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler."
Hoje surpreendi Sueto lendo Fernando Pessoa
-Estranho, pensei no primeiro momento, uma gata que lê Fernando Pessoa...
Mas não concluí se achava estranho por se tratar de uma gata ou de Fernando Pessoa . Mais provável que Fernando Pessoa pois em se tratando de Sueto já não estranho mais nada. Para quem lê, no entanto, outros escritores e poetas, também não havia que estranhar em ser Fernando Pessoa.
Enfim, Sueto mais uma vez me desconcertava.
-Já leste? , me perguntou, notando minha curiosidade.
- Sim, claro. Gosto muito de “A Tabacaria” e “Ode Marítima”. Quero dizer, principalmente, porque gosto de quase tudo.
- Não sabes me dizer se escreveu sobre gatos?
O que gosto em Sueto é que sempre está procurando saber mais principalmente sobre os humanos. Já que está destinada a viver, como felina, entre os humanos, empenha-se em conhecer cada detalhe da forma como se comportam. Em particular, investiga o que os humanos pensam ou já escreveram sobre gatos. Tem descoberto muita coisa o que permite concluir, segundo me disse, que eles são muito importantes para os humanos.
- Não sei, realmente não sei. Mas muitos escritores, sim.
- Isto já sei.
- Agora, certamente, o que não é comum, é encontrar felinos que escrevam sobre humanos. O teu caso.
- Mas há quem duvide.
- Do quê? Que escrevas?
- Sim, que sejam textos escritos por mim e não por um humano, no caso tu. Aliás há até quem duvide que eu tenha existência e eu não passe de uma criação literária.
- Sueto, de certa forma, eu concordaria com esta tese, disse tentando ser jocoso. E não sou o único a pensar assim, completei.
Sueto não me respondeu.
Tinha este costume irritante de interromper uma conversa com seu silêncio. Seria uma técnica felina? Teria aprendido com as mulheres?
- Tu não concordas?, perguntei para tirá-la do mutismo.
Como continuou em silêncio, decidi não insistir. Sentia-me humilhado de fazer a mesma pergunta várias vezes tentando ter uma resposta de Sueto. Desta vez, portanto, virei as costas e saí. Mas isto, em vez de resolver a questão, me trouxe irritação ainda maior. Decorrido dois minutos voltei e perguntei
- E então, já tens uma resposta?
Sueto, ainda entretida a ler Fernando Pessoa, deu-me desta vez atenção e perguntou:
- Podes repetir a pergunta?
Só então me dei conta de que já tinha esquecido.
.
"Não há que buscar em quaisquer dos textos idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler."
Hoje surpreendi Sueto lendo Fernando Pessoa
-Estranho, pensei no primeiro momento, uma gata que lê Fernando Pessoa...
Mas não concluí se achava estranho por se tratar de uma gata ou de Fernando Pessoa . Mais provável que Fernando Pessoa pois em se tratando de Sueto já não estranho mais nada. Para quem lê, no entanto, outros escritores e poetas, também não havia que estranhar em ser Fernando Pessoa.
Enfim, Sueto mais uma vez me desconcertava.
-Já leste? , me perguntou, notando minha curiosidade.
- Sim, claro. Gosto muito de “A Tabacaria” e “Ode Marítima”. Quero dizer, principalmente, porque gosto de quase tudo.
- Não sabes me dizer se escreveu sobre gatos?
O que gosto em Sueto é que sempre está procurando saber mais principalmente sobre os humanos. Já que está destinada a viver, como felina, entre os humanos, empenha-se em conhecer cada detalhe da forma como se comportam. Em particular, investiga o que os humanos pensam ou já escreveram sobre gatos. Tem descoberto muita coisa o que permite concluir, segundo me disse, que eles são muito importantes para os humanos.
- Não sei, realmente não sei. Mas muitos escritores, sim.
- Isto já sei.
- Agora, certamente, o que não é comum, é encontrar felinos que escrevam sobre humanos. O teu caso.
- Mas há quem duvide.
- Do quê? Que escrevas?
- Sim, que sejam textos escritos por mim e não por um humano, no caso tu. Aliás há até quem duvide que eu tenha existência e eu não passe de uma criação literária.
- Sueto, de certa forma, eu concordaria com esta tese, disse tentando ser jocoso. E não sou o único a pensar assim, completei.
Sueto não me respondeu.
Tinha este costume irritante de interromper uma conversa com seu silêncio. Seria uma técnica felina? Teria aprendido com as mulheres?
- Tu não concordas?, perguntei para tirá-la do mutismo.
Como continuou em silêncio, decidi não insistir. Sentia-me humilhado de fazer a mesma pergunta várias vezes tentando ter uma resposta de Sueto. Desta vez, portanto, virei as costas e saí. Mas isto, em vez de resolver a questão, me trouxe irritação ainda maior. Decorrido dois minutos voltei e perguntei
- E então, já tens uma resposta?
Sueto, ainda entretida a ler Fernando Pessoa, deu-me desta vez atenção e perguntou:
- Podes repetir a pergunta?
Só então me dei conta de que já tinha esquecido.
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Tommaso, meu primo italiano
Através do blog Podeisso (*) chega a notícia :
Tommaso é um gato preto de quatro anos que tinha tudo para 'dar' errado na vida, se acreditasse em superstições. Mas aconteceu exatamente o contrário. Ele acaba de herdar cerca de 10 milhões de euros (R$ 24 milhões) de sua dona, identificada apenas como uma viúva de 94 anos de idade. A idosa morreu na Itália em novembro e deixou para o gatinho essa humilde fortuna.
O testamento foi escrito um ano antes da velhinha morrer. Ela havia pedido para seus advogados que procurassem uma entidade protetora, mas nenhuma foi aprovada. A viúva conheceu então Stefania, uma enfermeira que também gostava de animais.
Stefania acabou trabalhando com a senhora e com Tommaso até a morte dela, quando descobriu que havia herdado os milhões para cuidar adequadamente do gato 'orfão'.
Preciso conferir se Tommaso não é meu parente. Se à noite todos os gatos são pardos, todos os gatos pretos tem parentesco.
(*) http://br.omg.yahoo.com/blogs/podeisso/
Tommaso é um gato preto de quatro anos que tinha tudo para 'dar' errado na vida, se acreditasse em superstições. Mas aconteceu exatamente o contrário. Ele acaba de herdar cerca de 10 milhões de euros (R$ 24 milhões) de sua dona, identificada apenas como uma viúva de 94 anos de idade. A idosa morreu na Itália em novembro e deixou para o gatinho essa humilde fortuna.
O testamento foi escrito um ano antes da velhinha morrer. Ela havia pedido para seus advogados que procurassem uma entidade protetora, mas nenhuma foi aprovada. A viúva conheceu então Stefania, uma enfermeira que também gostava de animais.
Stefania acabou trabalhando com a senhora e com Tommaso até a morte dela, quando descobriu que havia herdado os milhões para cuidar adequadamente do gato 'orfão'.
Preciso conferir se Tommaso não é meu parente. Se à noite todos os gatos são pardos, todos os gatos pretos tem parentesco.
(*) http://br.omg.yahoo.com/blogs/podeisso/
sábado, 10 de dezembro de 2011
Kafka à Beira Mar
Agora estou muito ocupada em ler.
Preciso, antes de mais nada, saber se o livro tem alguma coisa a ver comigo. De início tem Kafka ( meu autor predileto) e a minha foto.
Assim que esclarecer estes pontos e estiver mais dispónível volto a escrever.
Abraço a todos
SUETO
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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Viagem a Portugal
Outro dia deparei-me com a Sueto olhando esta foto.
- Que foto é esta? , perguntei-lhe.
- Ora, mas então não sabes?
Notei algo diferente na forma como Sueto pronunciou a pergunta, mas não pude detectar do que se tratava.
- Te confesso que não estou me situando.
- É de minha viagem a Portugal.
- A Portugal?
Sabia que Sueto, num dado momento de sua vida, tinha feito uma viagem mas não sabia que tinha ido a Portugal.
- E como foi, gostaste?
- Muito... achei os gatos de lá muito cultos.Na foto estou fazendo a saudação felina a um deles.Podia até conversar de literatura.
- Literatura?!
- Sim, claro, qual o espanto?
- Nada, nada, é que não é muito comum gatos gostarem de literatura.
- Em Portugal, sim. Em parte deve ser decorrência dos grandes escritores que tem.
- Tens razão.
- Pois.
- Pois, o quê?
- Nada, estou aqui a pensar.
Decidi não insistir. A foto parecia lhe trazer lembranças muito vívidas e Sueto, já agora totalmente mergulhada em seu mundo particular,não iria mais me dar atenção.
foto Flora Vasconcelos - Portugal
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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
As Máscaras de Veneza
Sueto tem uma predileção toda especial por Veneza.
Já tinha comentado com ela que fiquei com a impressão de que Veneza tinha me parecido um ambiente propício para gatos e, embora isto possa ter mudado, lembro de vê-los presentes em muitas situações.
Há muitas coisas na atmosfera da cidade com as quais Sueto se identifica. As vielas estreitas, os canais, as pontes, o casario antigo, Vivaldi, Casanova, Thomas Mann e a Morte em Veneza de Visconti.
Mas, em particular, há também o Carnaval e o seu clima de farsa, de teatro.
É um momento de metamorfoses, de invasão de seres híbridos, surgidos misteriosamente de sob a superfície do cotidiano.
São seres os mais variados, normalmente apenas poéticos, outros, no entanto, bem bizarros, meio gente, meio animais.
Alguns visivelmente são humanos e apenas recobrem o rosto com uma máscara. Mas, em certos casos, fica no ar um mistério. Sueto se sente atraída de tal forma por Veneza que imagino se não teria com a cidade um vínculo mais forte. É quando, levado talvez pela imaginação, tenho a sensação de que os seres que me olham por detrás das máscaras, seres que noutras circunstância nos pareceriam absolutamente desprovidos de mistério, escondem alguma revelação, alguma relação mais profunda com a natureza.
Tenho a sensação , até mesmo, que em algum momento é a própria Sueto a me fitar com um olhar enigmático, ao mesmo tempo felino mas também evocativo de outro reino.
É quando me vem à mente os versos de Rilke.
Est-il d'ici ? Non, des deux. empires naquit sa vaste nature.
.
Já tinha comentado com ela que fiquei com a impressão de que Veneza tinha me parecido um ambiente propício para gatos e, embora isto possa ter mudado, lembro de vê-los presentes em muitas situações.
Há muitas coisas na atmosfera da cidade com as quais Sueto se identifica. As vielas estreitas, os canais, as pontes, o casario antigo, Vivaldi, Casanova, Thomas Mann e a Morte em Veneza de Visconti.
Mas, em particular, há também o Carnaval e o seu clima de farsa, de teatro.
É um momento de metamorfoses, de invasão de seres híbridos, surgidos misteriosamente de sob a superfície do cotidiano.
São seres os mais variados, normalmente apenas poéticos, outros, no entanto, bem bizarros, meio gente, meio animais.
Alguns visivelmente são humanos e apenas recobrem o rosto com uma máscara. Mas, em certos casos, fica no ar um mistério. Sueto se sente atraída de tal forma por Veneza que imagino se não teria com a cidade um vínculo mais forte. É quando, levado talvez pela imaginação, tenho a sensação de que os seres que me olham por detrás das máscaras, seres que noutras circunstância nos pareceriam absolutamente desprovidos de mistério, escondem alguma revelação, alguma relação mais profunda com a natureza.
Tenho a sensação , até mesmo, que em algum momento é a própria Sueto a me fitar com um olhar enigmático, ao mesmo tempo felino mas também evocativo de outro reino.
É quando me vem à mente os versos de Rilke.
Est-il d'ici ? Non, des deux. empires naquit sa vaste nature.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
As Time Goes By
Surpreendi Sueto novamente submergida em suas pequenas depressões a ouvir As Time Goes By.
Tenho quase certeza de que deve estar a lembrar de algum namorado mas , até hoje, nunca me revelou nada a respeito de sua vida amorosa.
Tudo que sei é que deve ter tido uma ou duas paixões bem fortes pois nas duas ocasiões, para meu desespero, desapareceu por um par de semanas e nas duas retornou grávida.
A primeira ninhada, 3 filhores, perdeu atacada por um cão traiçoeiro que tinha em casa.
A segunda, creio que 7 filhotes, fui doando gesto do qual me arrependo pois não fiquei com nenhum deles.
Sueto talvez se ressinta disto também, de não ter agora que já não é uma mocinha, uma cria sua. Como não sou mulher talvez, também, deve haver um território dos sentimentos de Sueto no qual não consigo penetrar e não posso, assim, ajudá-la como devia.
O pior é que vendo Sueto assim, também eu me sinto triste.
E evito de olhá-la nos olhos não só para não me sentir ainda mais culpado como para evitar constatar, por mais improvável que possam achar, que há lágrimas em seus olhos.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Os Dilemas de Sueto
De seu círculo de relações felinas Motzie e Ellen são fêmeas sem falar de Falujah, é claro. O único macho, Nermal, na foto acompanhando o blog da Sueto, é castrado, talvez gay.
Resta Feijão mas está muito longe e não tem tido notícias dele.
Com Motzie teve uma espécie de atração que a deixou um pouco abalada.
No telhado há muito tempo não aparece nenhum pretendente e, eventualmente, algum que tenha aparecido foi prontamente rechaçado por P.R. que pretende ser seu guardião.
Considerando que se torna cada vez mais difícil conseguir parceiros Sueto procura minimizar o fato ou procura se dedicar a atividades que ocupem o seu tempo.
Mas acaba as deixando de lado entregando-se a longas horas de sono.
Não tem, por exemplo, se dedicado muito a escrever como fazia anteriormente.
Felizmente não fuma nem bebe, a não ser, quando está muito deprimida, meia tijela de leite com rum. Nestes momentos exagera também no patê de atum.
Ultimamente encontrou umas amigas humanas que tem ajudado a mantê-la animada. São amigas descontraídas, abertas e que a receberam, sem preconceito por ela ser felina, em seu círculo de conversas.
Mas Sueto parece, depois de muito tempo, que despertou novamente para sua sexualidade e dá demonstrações de querer encontrar um parceiro.
Dá-me até a impressão de não fazer grandes exigências. Fidelidade, vigor físico já não seriam tão importantes. Parece-me que a única coisa de que não abriria mão é que este gato tivesse um certo charme e pudesse ter com ela uma conversa que ultrapassasse meras observações banais.
Também não pretende para encontrá-lo ficar batendo pernas pelos telhados.
Queria encontrá-lo quando menos se esperasse, talvez até recolhido da rua como foi o seu próprio caso, ou surgido inesperadamente noutras bandas como Gardel, o devorador de preás.
Acho que é até com Gardel que sonha quando, no meio do sono, tem pequenos sobressaltos e murmura algumas coisas que não consigo entender.
Mas, apesar dos sobressaltos, dá-me a impressão de ser um sonho agradável pois, quando os tem, sempre acorda mais cedo e mais disposta.
É até uma pena que não os tenha todas as noites.
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terça-feira, 15 de novembro de 2011
O Retiro de Sueto
Ainda não sei exatamente definir o que anda sucedendo com Sueto.
Sem nenhum motivo aparente voltou, depois, de muito tempo, a ouvir cânticos litúrgicos.
Perguntei-lhe o que estava sucedendo mas não me respondeu.
Apenas me disse que ia rezar pela alma de suas amigas do facebook.
Me disse também que ia orar por Motzie, Ellen e Mitiontia.
Esta gata só me surpreende...
Sem nenhum motivo aparente voltou, depois, de muito tempo, a ouvir cânticos litúrgicos.
Perguntei-lhe o que estava sucedendo mas não me respondeu.
Apenas me disse que ia rezar pela alma de suas amigas do facebook.
Me disse também que ia orar por Motzie, Ellen e Mitiontia.
Esta gata só me surpreende...
domingo, 30 de outubro de 2011
Quartetos de Beethoven
Os quartetos de Beethoven dão a sensação de representarem um tipo de conversa com o Destino.
Por momentos, aqueles que duram a audição, alguma coisa muito poderosa se desvenda mas ao mesmo tempo se esconde à medida que o concerto avança,
O que há de se passar antes que chegue ao fim?
E vai chegar ao fim?
Este fim, por sua vez, representa o quê?
Para um simples concerto que depois de uns poucos minutos se encerra, o que se manifesta é um tipo de magia que nos transporta para os limites de nossa humana capacidade de percepção e sensibilidade.
É uma experiência a um tempo gloriosa e dolorosa na medida em que o enlevo da música se apresenta entrelaçado com a consciência não só de nossos pobres dotes de adentrar inteiramente as fronteiras deste mundo etéreo mas, particularmente, de nossa condição existencial.
É como chegar ao cume de uma longa escalada e tomarmos consciência , ali no topo da montanha tão ardentemente almejado, que chegamos ao nosso limite e só encontrarmos em torno a nós o grande vazio das cordilheiras perfiladas ao infinito.
Sem asas para voar mas tampouco sem ver sentido em voltar à condição humana que deixamos para trás.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Os Gatos de Hemingway
Sueto hoje passou o dia pensativa. Falujah , a hóspede, como é de costume fica andando de um lado para o outro sem encontrar um paradeiro. Num dado momento está quase arrombando a porta que dá acesso à escada que leva ao terraço e, no momento seguinte, está fazendo o caminho inverso e novamente forçando a porta para entrar.
Sueto acompanha esta agitação indiferente.
Apenas consegui chamar um pouquinho sua atenção quando falei de Hemingway.
Muito americano embora tivesse vivido em Paris e adorasse Cuba..
Adorava touradas, armas e aventuras. Fazia dele próprio um personagem literário e escrevia novelas ao gosto do cinema americano, não é por acaso que várias viraram filmes.
De seus livros Adeus às Armas tem um tom narrativo que envolve. Além disto é uma história de amor e uma confissão de fé pacifista.
Talvez me dispusesse a ler de novo.
Mas o que Sueto mais demonstra gostar em Hemingway é a história da casa em que morava em Key West. Contei-lhe que quando a visitei a casa estava rodeada de gatos. Este detalhe a encantou. Embora não tenha me revelado talvez intimamente quisesse ser um destes guardiões .
A lembrança de Hemingway me surgiu porque tinha lido seu nome ( e o de Cocteau) no facebook de Motsie.
Mas Motsie não gosta de Hemingway
Pelo menos é que foi possível deduzir deste texto aparentemente escrito por sua procuradora.
Motzie harbours an abiding hatred for Hemingway and calls him "an old sexist fraud." She is very fond of Colette and Chekhov and on occasion she dips into Tolstoy.
When I say that not all of hemingway is pi's swill, as she argues, Motzie responds with, "Quod erat demonstrandum." Com Motzie nao se pode.
Last nigh she ate mooncakes and wrote poems to the Moon Rabbit. Very unHemingwayan pursuits.
Descubro, assim, que as leituras de Motsie incluem Colette, Tchekov e avançam em Tolstoi.
Parece que gosta dos russos, talvez Dostoievski, Maiakovski...
Preciso ter cuidado ao falar disto para que Sueto não tenha uma reação inesperada mas começo a acreditar que ela está se sentindo atraída por Motzie.
Uma queixa que mais de uma vez deixou escapar é de que não encontra um gato com seus gostos culturais. Nem, principalmente, com seu senso de humor e sua incontível ironia.
Mas já a alertei para não se deixar levar por impulso. Motzei, já averiguei, tem algumas relações políticas um pouco nebulosas pelo Oriente Médio e um caso de ataque, não inteiramente esclarecido, ao cachorro do vizinho.
Sueto acompanha esta agitação indiferente.
Apenas consegui chamar um pouquinho sua atenção quando falei de Hemingway.
Muito americano embora tivesse vivido em Paris e adorasse Cuba..
Adorava touradas, armas e aventuras. Fazia dele próprio um personagem literário e escrevia novelas ao gosto do cinema americano, não é por acaso que várias viraram filmes.
De seus livros Adeus às Armas tem um tom narrativo que envolve. Além disto é uma história de amor e uma confissão de fé pacifista.
Talvez me dispusesse a ler de novo.
Mas o que Sueto mais demonstra gostar em Hemingway é a história da casa em que morava em Key West. Contei-lhe que quando a visitei a casa estava rodeada de gatos. Este detalhe a encantou. Embora não tenha me revelado talvez intimamente quisesse ser um destes guardiões .
A lembrança de Hemingway me surgiu porque tinha lido seu nome ( e o de Cocteau) no facebook de Motsie.
Mas Motsie não gosta de Hemingway
Pelo menos é que foi possível deduzir deste texto aparentemente escrito por sua procuradora.
Motzie harbours an abiding hatred for Hemingway and calls him "an old sexist fraud." She is very fond of Colette and Chekhov and on occasion she dips into Tolstoy.
When I say that not all of hemingway is pi's swill, as she argues, Motzie responds with, "Quod erat demonstrandum." Com Motzie nao se pode.
Last nigh she ate mooncakes and wrote poems to the Moon Rabbit. Very unHemingwayan pursuits.
Descubro, assim, que as leituras de Motsie incluem Colette, Tchekov e avançam em Tolstoi.
Parece que gosta dos russos, talvez Dostoievski, Maiakovski...
Preciso ter cuidado ao falar disto para que Sueto não tenha uma reação inesperada mas começo a acreditar que ela está se sentindo atraída por Motzie.
Uma queixa que mais de uma vez deixou escapar é de que não encontra um gato com seus gostos culturais. Nem, principalmente, com seu senso de humor e sua incontível ironia.
Mas já a alertei para não se deixar levar por impulso. Motzei, já averiguei, tem algumas relações políticas um pouco nebulosas pelo Oriente Médio e um caso de ataque, não inteiramente esclarecido, ao cachorro do vizinho.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Mitiontia
...Mitiontia chegou num anoitecer chuvoso.Passou a tarde toda dentro de uma bolsa, até pequena, da antiga faxineira do prédio, que chegando aqui abriu e tirou aquela coisinha pequeninha .
A principio não ficaria com ela.....mas depois do primeiro miado, rouco, mais parecendo uma buzina estranha e uma tentativa de entrar no espelho e na tv, ficou.. Seu nome é Anne Marie , mas pelas tontices virou Mitiontia ( minha tonta). É muito ciumenta , fiel , amorosa com a dona...tem o hábito de dormir abraçadinha com a cabeça para fora das cobertas como a gente.... adora ser escovada e mimada. Aqui ela reina , assim é a Rainha...terça-feira, 6 de setembro de 2011
"Think carefully...."
Sueto acordou no meio da noite sobressaltada.
- Que foi? perguntei-lhe meio sonolento. - Mais um de seus pesadelos?
Sueto tem tido sonhos intranquilos.
Segundo me revelou o que mais a tem perturbado é o pesadelo de que acorda transformada em um ser monstruoso.
-- Uma barata? perguntei-lhe inicialmente para não fugir de seus pendores literários.
-- Não, revelou-me, algo muito mais horrível.
Tinha demorado um tempo, depois de ter tido o mesmo pesadelo algumas vezes, para que eu entendesse que o "ser monstruoso" no qual temia se acordar transformada, era um humano.
-- Mas os humanos são monstruosos assim? ainda tentei argumentar para contestar a razão de sua perturbação.
Sueto nem me respondeu o que me fêz concluir que, efetivamente, devem ser.
Sequer tentei argumentar, dentro do terreno que lhe agrada, que o fenômeno poderia ter alguma coisa a ver com suas leituras, de Kafka especialmente.
Mas o motivo da perturbação de Sueto esta noite era outro.
Era uma mensagem que acabara de receber e que, tão logo adquiri consciência saindo de meu sono, me mostrou. Dizia apenas:
"Think carefully. Com Motzie não se brinca."
-- Motzie, quem é Motzie? ainda perguntei mas logo que me arrependi.
Sueto não respondeu .
Em vez disto, me cravou um olhar tão aterrorizante que, instado pela sua força e pelo seu desespero, em seguida me dei conta.
Motzie, o gato que dá sumiço em cães!
Agitado me levantei e permanecemos, eu e Sueto, o resto da noite insones.
E não houve mais nada, nem mesmo herbal tea , que pudesse nos trazer de volta a tranquilidade.
Isto é o que dá, pensei comigo mesmo, ficar mexendo com a natureza íntima das coisas.
- Que foi? perguntei-lhe meio sonolento. - Mais um de seus pesadelos?
Sueto tem tido sonhos intranquilos.
Segundo me revelou o que mais a tem perturbado é o pesadelo de que acorda transformada em um ser monstruoso.
-- Uma barata? perguntei-lhe inicialmente para não fugir de seus pendores literários.
-- Não, revelou-me, algo muito mais horrível.
Tinha demorado um tempo, depois de ter tido o mesmo pesadelo algumas vezes, para que eu entendesse que o "ser monstruoso" no qual temia se acordar transformada, era um humano.
-- Mas os humanos são monstruosos assim? ainda tentei argumentar para contestar a razão de sua perturbação.
Sueto nem me respondeu o que me fêz concluir que, efetivamente, devem ser.
Sequer tentei argumentar, dentro do terreno que lhe agrada, que o fenômeno poderia ter alguma coisa a ver com suas leituras, de Kafka especialmente.
Mas o motivo da perturbação de Sueto esta noite era outro.
Era uma mensagem que acabara de receber e que, tão logo adquiri consciência saindo de meu sono, me mostrou. Dizia apenas:
"Think carefully. Com Motzie não se brinca."
-- Motzie, quem é Motzie? ainda perguntei mas logo que me arrependi.
Sueto não respondeu .
Em vez disto, me cravou um olhar tão aterrorizante que, instado pela sua força e pelo seu desespero, em seguida me dei conta.
Motzie, o gato que dá sumiço em cães!
Agitado me levantei e permanecemos, eu e Sueto, o resto da noite insones.
E não houve mais nada, nem mesmo herbal tea , que pudesse nos trazer de volta a tranquilidade.
Isto é o que dá, pensei comigo mesmo, ficar mexendo com a natureza íntima das coisas.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Motzie se desvenda
Motzie, valendo-se anteriormente , desconfio, de uma tática elusiva, retorna através de sua porta-voz dizendo que quem se fazia passar por ela é, de fato, Camille sua irmã (foto anterior). Eis o texto:
Motzie is sorry to hear that Gata Sueto has bad dreams. She suggests herbal tea at bedtime. As for the monstrous human being, she recommends that Gata Sueto do what she does--knead a sensitive part without retracting her claws.
That usually takes care of the problem. She includes her photo and she apologises for her inept slave who did explain that the previous likeness was that of her sister Camille.
Now she excuses herself in order to pursue the Sausage from Hell. She thinks she can echolocate him easily.
Ao final da leitura eu e Sueto nos entreolhamos. Ambos sabemos que não se pode confiar nas gatas embora, muito menos, nos humanos.Por isto, talvez, tenhamos alcançado este grau de confiança entre nós porque, de certa forma, nos tornamos seres híbridos sem sermos nem uma coisa nem outra.
Motzie
Ha-Motzie asked me to tell you that she feels honoured by Gata Sueto's interest, but her contract with the The Office, in Tel Aviv, does not allow her to to work as a body guard for private individuals. That, however, does not keep her from making friends with Gata Sueto.
She is in very good terms with Doobie, a large black cat of uncertain parentage and Camille, an aristocratic, apple-headed Siamese.
She hers is a "pure half Siamese" and she does not discriminate against anyone other than The Sausage Dog from Hell.
She adds that Camille, who is a free agent, is trained in Asian martial arts. Unfortunately she lives in New England, which makes the value her body guard services to Gata Sueto somewhat dubious.
P.S.- Cabe esclarecer que a correspondência em questão refere-se a uma consulta feita por Sueto a respeito de contar com os serviços de inteligência de Motzie, expert em assuntos do Oriente Médio e segundo fontes, responsável por silenciar a Salsicha Infernal. Embora esta possibilidade não tenha se concretizado em razão de compromissos assumidos por Motzie, o contato propiciou que Sueto e Motzie se aproximassem. Nas palavras de Madame Castelar, encarregada de seus assuntos humanos,"Motzie now has a friend in Brazil, a literary cat called Gata Sueto. That is why Motzie looks so smug. She cannot read Portuguese but her Hebrew is superb. So is her body language"
She is in very good terms with Doobie, a large black cat of uncertain parentage and Camille, an aristocratic, apple-headed Siamese.
She hers is a "pure half Siamese" and she does not discriminate against anyone other than The Sausage Dog from Hell.
She adds that Camille, who is a free agent, is trained in Asian martial arts. Unfortunately she lives in New England, which makes the value her body guard services to Gata Sueto somewhat dubious.
P.S.- Cabe esclarecer que a correspondência em questão refere-se a uma consulta feita por Sueto a respeito de contar com os serviços de inteligência de Motzie, expert em assuntos do Oriente Médio e segundo fontes, responsável por silenciar a Salsicha Infernal. Embora esta possibilidade não tenha se concretizado em razão de compromissos assumidos por Motzie, o contato propiciou que Sueto e Motzie se aproximassem. Nas palavras de Madame Castelar, encarregada de seus assuntos humanos,"Motzie now has a friend in Brazil, a literary cat called Gata Sueto. That is why Motzie looks so smug. She cannot read Portuguese but her Hebrew is superb. So is her body language"
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Cachorro Ridículo
Para a Sueto, cachorros, com poucas exceções, são ridículos.
Ficam quase o tempo todo exercendo a propensão que lhes é própria da adulação.
Em alguns casos isto chega a extremos.
O vídeo acima permite, segundo ela, corroborar o que afirma. Seria, também, uma deprimente evidência do grau de degradação da raça canina.
sábado, 6 de agosto de 2011
A Estética do Frio
Nossa vida, em muitos aspectos, já vem predeterminada. Pelos pais, pela família, pelo ambiente econômico, social e cultural. E também pelo ambiente natural.
Sueto foi encontrada, conforme já relatei, em uma estrada, ainda com os olhos fechados, junto com dois irmãos. Um morreu, o outro, Mandela, foi adotado. Sueto, portanto, é órfã.
No tocante ao ambiente natural, por ter nascido no sul, é preciso durante o inverno enfrentar o frio.
Sueto, no entanto, já desenvolveu sua forma própria de conviver com ele.Nos dias ensolarados sobe para o telhado onde já tem um local preferido para ficar.
Caso contrário, refugia-se nos arredores da lareira ou do fogão de lenha. De preferência em um sofá que fica perto do fogo da lareira ou, o mais costumeiro, encostada do seu lado externo , bem juntinha dos tijolos aquecidos.
Falujah por sua vez também descobriu o fogo. Optou por ficar na frente da lareira. E cada uma enrolada sobre o seu pano velho pois, do contrário, relutam em ficar.
Não sei se Victor Ramil , que foi buscar sua inspiração criadora na estética do frio, fala dos gatos. Mas Sueto já me perguntou sobre ele, preciso ler para ela alguns trechos de Satolep.
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sexta-feira, 29 de julho de 2011
Entrevista com Cleo
Após muitos contatos finalmente consegui agendar uma entrevista com Cleo. Uma entrevista curta porque ele não gosta de notoriedade. Detesta esta coisa de virar celebridade e revelou, nas poucas respostas que me deu, que lhe desgosta ter se tornado uma espécie de atração da rua. Já pensou em isolar-se no fundo da loja mas isto lhe tiraria o prazer que tem em ficar olhando o movimento e, além disto, tem uma espécie de trato de ficar ali. Quase só vê humanos ( quando não vê o enjoado de um vizinho de uma loja ao lado ) mas isso o distrai. O vizinho do lado ao qual Cleo se refere é um outro gato, até bem parecido, que também fica parado na frente da loja. Tentei me aproximar dele mas, ao contrário de Cleo que é tranquilo, ficou muito irritado.
Mas, como disse, a entrevista foi curta.
Só me revelou, ainda, que gostaria de ter mais folga durante a semana e se queixou que dorme no banco da moto do dono da loja.
Incomoda-o, também , a plaquinha que leva no pescoço.
Sente-se como se fosse um gato-objeto.
Mas, como disse, a entrevista foi curta.
Só me revelou, ainda, que gostaria de ter mais folga durante a semana e se queixou que dorme no banco da moto do dono da loja.
Incomoda-o, também , a plaquinha que leva no pescoço.
Sente-se como se fosse um gato-objeto.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Cleo
Caminhando pelo calçadão da Conselheiro Mafra em Florianópolis encontro Cleo.
Posta-se à entrada da papelaria ali existente recepcionando os clientes elegantemente sentado.
Permanece imperturbável ao mesmo tempo concedendo um inesperado atrativo ao local e aparentando estar um pouco contrariado com alguma coisa.
Não seria, por acaso, o crachá, com seu nome, que o deixa assim?
Talvez se pergunte o que possam pensar os transeuntes. Que é um funcionário? Ou um gato de estimação do dono ou gerente da loja?
Mas não deve ser isto que parece preocupá-lo. Cleo deve estar apenas exibindo um ar de amuado, comum aliás nos gatos, para demonstrar de forma clara sua indiferença pelas coisas do mundo dos homens. Seu pensamento está longe dali.
Ao me aproximar para entrar na loja Cleo me ignora. Peço-lhe com licença mas parece não me ouvir.
Como não quero criar caso dou um jeito de ir passando ao seu lado cuidadosamente.
Sua indiferença , aliás, é tamanha que tenho a estranha sensação de que não existo.
Ou existo apenas num plano inferior muito aquém daquele pelo qual os gatos costumeiramente transitam nas alturas de suas especulações felinas.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Recuerdo de Don Gato
Silvia Cabello é argentina e entre os animais de estimação que teve não esquece Samanta, uma cadela , e Don Gato.
Entre Samanta e Don Gato estabeleceu-se um relação que transcendeu as barreiras normalmente existentes entre cães e gatos.
Segundo relata Silvia " Don Gato vivió 9 meses en el jardin de casa y ella me llevaba todos los dias a mostrarme a su amigo (con su boca me tomaba de la mano y me conducia), al cual le llevaba de su comida para alimentarlo.
Don Gato era de un color gris horrible!!!, cuando lo dejé entrar a casa y le empezamos a dar cariño, comenzo a lavarse y salieron sus colores reales, como lo ves en la foto. Era muy cariñoso y educado, nunca robo comida, ni subio a las mesas, era un Señor!! Fue un Gran Gato!! "
Falei a respeito com Sueto e ela não me respondeu nada.
Mas anda a pesquisar algumas coisas sobre a Argentina.
Está tentanto entender, por exemplo, como funciona o sistema de pontos que levou o River a ser rebaixado para a segunda divisão.
Mas percebi que ainda não tem um entendimento muito claro...
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Mas anda a pesquisar algumas coisas sobre a Argentina.
Está tentanto entender, por exemplo, como funciona o sistema de pontos que levou o River a ser rebaixado para a segunda divisão.
Mas percebi que ainda não tem um entendimento muito claro...
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sexta-feira, 22 de abril de 2011
Sueto Heroína das Revoluções Felinas
Por um período pareceu-me ser capitalista.
Mais tarde deu-me a impressão de não ter qualquer convicção. Mas, bem no início, me aprazia acreditar que era socialista. Foi quando escrevi:
Sueto Heroína
Encontrei Sueto na estrada
com poucos dias de vida
Tinha um irmão, Mandela, que dei
Às vezes ela canta o texto de Brecht
"Eu sou Sueto
eu vim do gueto
meu irmão é Mandela
eu sou preta
e meu irmão é preto"
Não sei se ela lê Marx
mas quero crer
que é socialista
Suspeito que esteve
na Guerra Civil da Espanha
ao lado dos republicanos
lutado no Vietnã
contra os americanos
desaparecida na Argentina
nos tempos sombrios da ditadura
para reaparecer insurgente
em Bagdá num subúrbio
Sueto heroína
das revoluções felinas
Enquanto ela canta acompanho no piano tocando melodias de Kurt Weil.
Bebemos vinho e logo ela fica embriagada.
E quando vou dormir, sob o efeito do vinho, tenho a impressão de que baixinho ela entoa a Internacional.
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quarta-feira, 13 de abril de 2011
O Sentido da Vida
Se ela tiver inspirada...pergunte-lhe qual o sentido da vida. Vou confiar nela.
J.
... Vou perguntar mas preciso pegá-la de jeito... não temos conseguido sentar juntos para escrever...
Sueto, aliás, me suscita várias dúvidas... poderia começar pela dúvida se existe, mas existe, sim, costuma ficar o dia inteiro pela casa, não é, assim, um ente de minha imaginação... imaginação talvez seja pensar que ela escreve, que se expressa... é aí que realidade e ficção se dão as mãos... talvez transfira para a Sueto, para que diga com seu jeito felino, algumas coisas que não teriam graça se ditas por mim... talvez....
Quanto ao sentido da vida me arrisco a dizer algumas palavras, palavras que talvez pudessem ser dela.
Por exemplo, o sentido da vida será o mesmo para humanos e felinos?
Temos necessidades que parecem ser comuns, temos mesmo semelhanças tão grandes que nos permitimos supor que os gatos estão se humanizando ou nós nos transformando em felinos.
Mas estas semelhanças tem um limite.
É quando este limite parece ser transposto que nos atinge o desassossego.
Compartilhamos muitas coisas, os espaços da casa, às vezes a comida, em alguns casos até a cama.
Os felinos andam à nossa volta, movimentando-se ou, como é típico deles, permanecem estáticos em lugares que podem ser os mais inesperados, como se fôssem estatuetas ornamentando o ambiente.
Nestes momentos pergunto-me se o sentido da vida não é comum, afinal estamos juntos respirando o mesmo ar e vivendo o mesmo mistério .
Toda a história humana, toda a evolução tecnológica, não permitiram até hoje fornecer ao homem respostas para questões relevantes.
O sentido da vida, por exemplo.
Neste ponto não sei se estamos adiante dos gatos.
Observando a Faluja que me segue por todos os pontos da casa me pergunto até se ela não está mais próximo desta resposta do que eu.
Quanto à Sueto nem falar.
A impressão que me dá, acomodada em sua almofada como uma esfinge, é que já conhece o sentido da vida há muito tempo mas não deixa transparecer nenhum indício e o guarda para si. Por isto, talvez, detentores deste conhecimento, os gatos nos pareçam tão circunspectos e apenas vagamente interessados no que se passa ao redor.
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