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sábado, 29 de setembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
terça-feira, 18 de setembro de 2012
sábado, 15 de setembro de 2012
É a mesma...
Não são gatos pretos,mas a ternura é a mesma. Não pude deixar de lembrar de meus filhotes ...
segunda-feira, 9 de julho de 2012
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Finados
Encontrei Sueto meio pensativa. Até aí nenhuma novidade pois parece estar o tempo todo assuntando alguma coisa.
- Sueto, por que estás sempre mexendo com a natureza das coisas?
- Porque queria compreender...
- Tem coisas que talvez não possamos entender.
- O quê, por exemplo?
- A origem do universo... a morte... a vida...
- E o que mais?
- Achas pouco?
- Mas para isto não há explicações?
- Bem, há várias, principalmente de ordem religiosa mas, aparentemente, nenhuma que seja inteiramente convincente.
- Eu queria saber mais sobre a origem das coisas , mas não sei nem quem são meus pais.
- É verdade, já te contei que te encontrei abandonada com dois irmãozinhos, numa estrada ... não tinhas nem os olhos abertos.
- Sei, um de meus irmãozinhos era o Mandela que foi adotado, o outro era uma gatinha que morreu, nem chegou a ter um nome. É tudo que sei de minha família natural. Posso te fazer uma pergunta?
-Claro...
- O que vais fazer comigo quando eu morrer?
- Como assim?
- Vais me jogar no lixo?
- Claro que não, que bobagem...
- Vais fazer o quê? Cremar-me?
- Sueto, por que estás me perguntando isto? Ah, já sei, porque é Dia de Finados... Sabes que quando eu era menino adorava Dia de Finados porque as rádios tocavam música clássica o dia todo... agora tocam funk.
- Está bem, mas responde à minha pergunta.
- Se vou te cremar? Ora Sueto, nem sei se não vou morrer antes de ti.
- Eu quero ser enterrada.
Neste momento não me contive de ser jocoso.
- Deitada ou de pé? ... Parece que se adota a forma de pé em alguns cemitérios... por uma questão de espaço... não é engraçado? Bem, engraçado , não, mas curioso.
- Me enterra num caixãozinho de madeira, não me enterra numa caixa de papelão.
- Sueto, que idéia, estás me deixando triste...
- Só quero que saibas que a morte não me assusta, morro tranquila...
- Eu gostaria de poder dizer o mesmo...
- É, eu sei, os humanos não sabem lidar bem com isto... aliás nem gostam de ouvir falar na morte...como se a morte não fizesse parte de seu cotidiano, de sua própria essência...Disfarçam, contam piadas, dão gargalhadas, dançam, fazem festas, perdem a consciência embriagados, fumam um cigarro atrás do outro, até se drogam , roubam , matam, torturam, estupram, fazem sexo selvagemente, mas, nada disto impede que a morte esteja ali sempre presente, sem arredar-se...será que agem assim porque, inconscientemente, se dão conta do absurdo da existência?... Camus escreve sobre isto..... alguns ainda procuram uma explicação religiosa mas esta, na verdade, só leva a uma espécie de conforto espiritual e acaba não passando de uma ilusão ....
- E isto não é suficiente? E a própria vida não é uma espécie de ilusão?
- Talvez ,mas vem acompanhada de muita mistificação , muitos dogmas
- É verdade ...
- Por isto sou atéia...
- Acho que és agnóstica. Ateu é quem não acredita na existência de Deus, agnóstico é quem duvida.
- E não existe um Deus para os felinos?
- Não, Deus é único, para todos os seres vivos.
- Mas cada religião não tem o seu Deus?
- Sim, tem.
-E então?
- Bem, isto seria muito complexo te explicar agora. Mas gatos não tem Deus .
- Mas no Egito eles próprios eram deuses.
- São crenças antigas, hoje já não se acredita nisto.Sueto, tu és uma gata, não deverias ter estas preocupações. Os felinos vivem apenas atendendo aos seus instintos, vivem apenas o momento, isto lhes é suficiente.
- Mas eu me transformei num ser diferente, sabes disto tão bem quanto eu.
- Sei, acho até que diferente demais....
-- E isto também é um fardo para mim. Há quem zombe , quem diga que sou uma criação tua mas, na realidade, tenho vida própria. O que acontece é que às vezes parece que estou agindo como gata, como felina, noutras como humano, como um ser feminino. Dizer que sou uma criação tua é simplificar o que represento.
-- É uma situação que nem todos entendem muito bem....
-- Mas hoje as pessoas se propõem a entender e superar tantas coisas, a homossexualidade, o racismo, as diferenças, como dizem .. como não podem entender o que eu represento?
- Talvez porque fujas aos estereótipos que sempre estão surgindo, o que parece criativo num dia , no outro já se torna estereótipo. E tu perturbas as pessoas porque elas não sabem, entre outras coisas, exatamente como se dirigir a ti. Deves lembrar da minha amiga de São Paulo que negou-se a continuar conversando contigo. Muito inteligente mas disse que não iria conversar com uma gata..
- Me lembro, muito inteligente exceto pela apologia do cigarro. Lembro também ela ter comentado que seu psiquiatra permitia que ela fumasse nas sessões. Foi quando eu quis saber se ia relatar ao psiquiatra que, por um tempo, tinha conversado comigo.
- Mas isto pode ser entendido como uma demonstração de que ela te atribuía existência própria pois justificou-se, ao negar-se a conversar, referindo-se ao fato de seres uma gata.
- É possível...ao mesmo tempo, no entanto, os humanos parecem que se dispõem a aceitar que animais assumam, na ficção, papéis em que interagem com eles ...
- Mas, nestes casos, os humanos não são instados a interagir pessoalmente com estes seres dotados de virtudes. Então podem separar as coisas e assim lidar com elas. No teu caso é diferente, tu própria não consegues definir a tua condição, isto é perturbador porque obrigas as pessoas que interagem contigo a ter , também elas, que estarem redefinindo a sua própria.
-- Quer dizer que posso provocar isto?
- Sim, acho que sim
-- E tudo que queria é poder comer o meu patê de atum e pegar sol no telhado. Por falar nisto, ainda tem patê na geladeira?
- Receio que não
Sueto me olhou decepcionada. Com o coração partido ainda tentei remendar
-- Mas tem sol no telhado.... quero dizer, tinha, fui obrigado também a emendar, porque naquele instante o céu começou a ficar encoberto
-- Viste, como queres que confie nos humanos? ainda me disse antes de enrolar-se toda e esconder a cabeça embaixo da cola.
Vou dormir, ainda a ouvi ronronar.
Eu com um movimento afetuoso peguei uma manta e cobri-a para proteger do frio.
Pareceu-me, com este pequeno gesto, que protegia a natureza inteira, os pequenos seres que necessitam ajuda em todo o mundo.
Neste momento, pelo menos neste momento, eu me senti o criador e Sueto a criatura.
sábado, 26 de maio de 2012
Larry e Moe
P.R. disse-me ontem que conheceu uns amigos argentinos.
Vieram de barco, um veleiro, e vão subir a costa brasileira.
Com eles viaja Monica que divide seu apartamento em Buenos Aires com Larry e Moe, dois gatos siameses.
Segundo revelou pode ver da janela em Olivos, embora um pouco afastado, o Rio da Prata e os barcos que ficam passando. Para observá-los melhor comprou uma luneta.
Isto é que a teria motivado a se interessar por náutica.
Agora sai em cruzeiro pelo mundo.
E os gatos?
Ficam também olhando pela janela esperando o dia em que ela retorne.
Enquanto este dia não chega se distraem olhando outras coisas, na foto parece que um pássaro que voa livre do lado de fora.
Os humanos e os pássaros podem ser livres e ir a lugares distantes, os felinos nem sempre..
Eu, no máximo, consigo passear um pouco pelo telhado.
Libertad para los felinos!
Vieram de barco, um veleiro, e vão subir a costa brasileira.
Com eles viaja Monica que divide seu apartamento em Buenos Aires com Larry e Moe, dois gatos siameses.
Segundo revelou pode ver da janela em Olivos, embora um pouco afastado, o Rio da Prata e os barcos que ficam passando. Para observá-los melhor comprou uma luneta.
Isto é que a teria motivado a se interessar por náutica.
Agora sai em cruzeiro pelo mundo.
E os gatos?
Ficam também olhando pela janela esperando o dia em que ela retorne.
Enquanto este dia não chega se distraem olhando outras coisas, na foto parece que um pássaro que voa livre do lado de fora.
Os humanos e os pássaros podem ser livres e ir a lugares distantes, os felinos nem sempre..
Eu, no máximo, consigo passear um pouco pelo telhado.
Libertad para los felinos!
terça-feira, 10 de abril de 2012
domingo, 1 de abril de 2012
Gabi, minha fã londrina
Não tenho como evitar o assédios dos fãs.
Esta que insistiu em tirar uma foto comigo é a Gabi. Ela mora em Londres com meu amigo Homer e veio ao Brasil com o James.
São como dizem um casal simpático.
Ele gosta muito de futebol, torcedor do Birmingham e do Manchester United e saiu com uma camiseta do Brasil, o Xavante.
Se o jogo for do Birmingham vai ser difícil vestir a camiseta xavante pois a do time inglês é azul.
Mas se for do Manchester United vai combinar e pode, das arquibancadas, ficar cantando como diz o hino, nós este ano, vamos vencer...
quarta-feira, 14 de março de 2012
Sueto e James ( II )
O interlóquio de Sueto com James não ficaria completo sem a sequência.
Decepcionada com a porção de patê de atum que lhe foi concedida, Sueto analisa a situação e decide voltar aos canais tradicionais.
Volta-se para a sua esquerda onde se encontra Giacomo.
Com ele pode, então, recorrer a métodos mais persuasivos.
Olhando as fotos pode-se acompanhar quais são.
Decepcionada com a porção de patê de atum que lhe foi concedida, Sueto analisa a situação e decide voltar aos canais tradicionais.
Volta-se para a sua esquerda onde se encontra Giacomo.
Com ele pode, então, recorrer a métodos mais persuasivos.
Olhando as fotos pode-se acompanhar quais são.
"Com estes dois não vou conseguir nada" |
"Vou me garantir por aqui..." |
Cena Final.
Sueto, polidamente como é de seu feitio, mas com firmeza, requer com Giacomo sua participação no botim.Sueto, com um leve toque da pata, pede patê. |
Sueto and James
James, o patê de atum e Sueto |
Sueto subiu na cadeira que tem junto à mesa e sentou-se ao lado de James.
- Como vai a Rainha? , perguntou.James virou-se para o lado e ficou surpreendido de ver Sueto olhando fixamente para ele. Já ouvira dizer que há animais que se comunicam mas era a primeira vez que se deparava com um deles.
- Bem, quero dizer, acho que vai bem.
- Você não fala com ela?
- Falar? Não, as pessoas comuns não falam com a Rainha.
-E você é uma pessoa comum?
- Bem, acho que sou. Quero dizer, isto depende. Para algumas pessoas, meus amigos, colegas, sou uma pessoa legal.Para a Gabi devo ser quase perfeito.
- Legal quer dizer o quê? Que anda dentro da lei?
- De certa forma...Do contrário estaria preso, completou com um sorriso.
Neste momento Sueto ficou pensando se a resposta de James seria humor inglês.
Mas prosseguiu.
- Está querendo dizer que no Reino Unido quem não anda dentro da lei vai preso?
- Sim, acho que sim...Bem, pode haver exceções.
- Pois no Brasil isto é a regra.
- Ir preso?
- Não , ficar solto.
- Está querendo me dizer que no Brasil não há leis?
- Não, leis há demais. Mas só se aplicam a alguns. Ouvi falar que gatos, por exemplo, nunca são presos. Estes gatos recebem até um nome especial, são gatunos. Isto me deixa tranquilo, é uma das razões pelas quais gosto de morar no Brasil.
- E não gostaria de ir à Inglaterra?
- Não sei. Talvez para ver a Rainha. Gosto de ver estátuas.
James, ao ouvir esta observação, ficou sem saber se tinha entendido.
Não era exatamente um defensor da Rainha nem da família real, mas precisava se certificar do que Sueto queria dizer. Por isto retrucou.
- Mas a Rainha não é uma estátua.
- Eu sei, pelo menos não no sentido usual do termo.
James novamente ficou em dúvida quanto ao significado do que Sueto dizia. Isto nem sempre é muito fácil em se tratando de gatos.
- Pardon... disse "sentido usual"?
- Sim, porque as estátuas ficam imóveis e a Rainha anda.
E enquanto James pensava se respondia, Sueto continuou.
Será que a Rainha gosta de gatos?
- Pois não sei.
- Queria também ver o Homer... E conhecer o Larry.
-Larry?
-Sim, não conhece?
- Acho que não.
- Larry mora em 10 Downing Street.
Foi adotado do Battersea Cats Home
- Veja só, não sabia.
- Pois é, mas o detalhe é que o adotaram para pegar ratos. Não imaginava que houvesse ratos em Downing Street...
- Bem, acho que às vezes aparecem alguns.
- E são grandes?
- Enormes... quero dizer, pelo menos considerando o tamanho de um gato
- São do tamanho de um gato!
- Sim, podem ser bem maiores.
- Então é por isto que escolheram Larry. Segundo consta em seu currículo ele tem um "strong pedratory drive".
- Então, neste caso, deve servir.
Sueto no seu lugar à mesa |
-Está bom este pão?
- Sim, muito bom, quer um pedaço?
- Não, não ... Mas aceito lamber um pouco de atum.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Cats for Re-homing :"Marmite"
Marmite is a long haired quiet puss, once he gets to know you he wants to be your best friend.
He was re-homed last August to a lovely home, unfortunately his new owner has realised he has an alergy and has had to return him to us for re-homing yet again.
Marmite would really love to find another home as soon as possible, isn't he lovely...
These are all cats that really need good forever homes, give us a call, or email if you would be interested in adopting one of these beauties.
Please don't call if you aren't serious, these cats need permanent homes, some have been waiting for months.
Thanks
By: Swale Cats Protection
The Story of Shy
Hi, nice to see "shy" in a blog, and a nice name too! This is her story: 1 1/2 year ago she moved in on ouer boat. The boat is placed on island Hasseløy close to a museum. Lots of wild cats there. It is possible for Shy to go inside the boat and sleep hot and safe on woolcarpets, pillows and so. Not allways so fun for us with cathair all over . Normaly she leaves the boat when we enter and we look after her to make sure she has left. But two times she came along out at sea and showed herself, seasick and screaming. So we must return to this island, but we leave her on the other side of the island, - and Shy walks all the way back and allways appears in our boat again. We dont feed her, but she looks well fed and healthy so we are sure she gets food somewhere. If you look in this album, you will see ouer boat Hilton with a blue cover, Shys wintherhouse
..
"Shy"
Sueto sabe muito pouco sobre ela.
Exceto que é fêmea e gosta de ficar em um barco ao que parece na Europa.
Sabe também, segundo o dono do barco, que é uma "shy wildcat".
Por isto decidiu chamá-la Shy.
Mas vive solta ( wild) por que?
Parece tão sociável.
Sueto caiu de amores por ela mas, de fato, queria que fôsse um gato.
.
domingo, 22 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Fernando Pessoa
para a Madalena Marques
"Não há que buscar em quaisquer dos textos idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler."
Hoje surpreendi Sueto lendo Fernando Pessoa
-Estranho, pensei no primeiro momento, uma gata que lê Fernando Pessoa...
Mas não concluí se achava estranho por se tratar de uma gata ou de Fernando Pessoa . Mais provável que Fernando Pessoa pois em se tratando de Sueto já não estranho mais nada. Para quem lê, no entanto, outros escritores e poetas, também não havia que estranhar em ser Fernando Pessoa.
Enfim, Sueto mais uma vez me desconcertava.
-Já leste? , me perguntou, notando minha curiosidade.
- Sim, claro. Gosto muito de “A Tabacaria” e “Ode Marítima”. Quero dizer, principalmente, porque gosto de quase tudo.
- Não sabes me dizer se escreveu sobre gatos?
O que gosto em Sueto é que sempre está procurando saber mais principalmente sobre os humanos. Já que está destinada a viver, como felina, entre os humanos, empenha-se em conhecer cada detalhe da forma como se comportam. Em particular, investiga o que os humanos pensam ou já escreveram sobre gatos. Tem descoberto muita coisa o que permite concluir, segundo me disse, que eles são muito importantes para os humanos.
- Não sei, realmente não sei. Mas muitos escritores, sim.
- Isto já sei.
- Agora, certamente, o que não é comum, é encontrar felinos que escrevam sobre humanos. O teu caso.
- Mas há quem duvide.
- Do quê? Que escrevas?
- Sim, que sejam textos escritos por mim e não por um humano, no caso tu. Aliás há até quem duvide que eu tenha existência e eu não passe de uma criação literária.
- Sueto, de certa forma, eu concordaria com esta tese, disse tentando ser jocoso. E não sou o único a pensar assim, completei.
Sueto não me respondeu.
Tinha este costume irritante de interromper uma conversa com seu silêncio. Seria uma técnica felina? Teria aprendido com as mulheres?
- Tu não concordas?, perguntei para tirá-la do mutismo.
Como continuou em silêncio, decidi não insistir. Sentia-me humilhado de fazer a mesma pergunta várias vezes tentando ter uma resposta de Sueto. Desta vez, portanto, virei as costas e saí. Mas isto, em vez de resolver a questão, me trouxe irritação ainda maior. Decorrido dois minutos voltei e perguntei
- E então, já tens uma resposta?
Sueto, ainda entretida a ler Fernando Pessoa, deu-me desta vez atenção e perguntou:
- Podes repetir a pergunta?
Só então me dei conta de que já tinha esquecido.
.
"Não há que buscar em quaisquer dos textos idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler."
Hoje surpreendi Sueto lendo Fernando Pessoa
-Estranho, pensei no primeiro momento, uma gata que lê Fernando Pessoa...
Mas não concluí se achava estranho por se tratar de uma gata ou de Fernando Pessoa . Mais provável que Fernando Pessoa pois em se tratando de Sueto já não estranho mais nada. Para quem lê, no entanto, outros escritores e poetas, também não havia que estranhar em ser Fernando Pessoa.
Enfim, Sueto mais uma vez me desconcertava.
-Já leste? , me perguntou, notando minha curiosidade.
- Sim, claro. Gosto muito de “A Tabacaria” e “Ode Marítima”. Quero dizer, principalmente, porque gosto de quase tudo.
- Não sabes me dizer se escreveu sobre gatos?
O que gosto em Sueto é que sempre está procurando saber mais principalmente sobre os humanos. Já que está destinada a viver, como felina, entre os humanos, empenha-se em conhecer cada detalhe da forma como se comportam. Em particular, investiga o que os humanos pensam ou já escreveram sobre gatos. Tem descoberto muita coisa o que permite concluir, segundo me disse, que eles são muito importantes para os humanos.
- Não sei, realmente não sei. Mas muitos escritores, sim.
- Isto já sei.
- Agora, certamente, o que não é comum, é encontrar felinos que escrevam sobre humanos. O teu caso.
- Mas há quem duvide.
- Do quê? Que escrevas?
- Sim, que sejam textos escritos por mim e não por um humano, no caso tu. Aliás há até quem duvide que eu tenha existência e eu não passe de uma criação literária.
- Sueto, de certa forma, eu concordaria com esta tese, disse tentando ser jocoso. E não sou o único a pensar assim, completei.
Sueto não me respondeu.
Tinha este costume irritante de interromper uma conversa com seu silêncio. Seria uma técnica felina? Teria aprendido com as mulheres?
- Tu não concordas?, perguntei para tirá-la do mutismo.
Como continuou em silêncio, decidi não insistir. Sentia-me humilhado de fazer a mesma pergunta várias vezes tentando ter uma resposta de Sueto. Desta vez, portanto, virei as costas e saí. Mas isto, em vez de resolver a questão, me trouxe irritação ainda maior. Decorrido dois minutos voltei e perguntei
- E então, já tens uma resposta?
Sueto, ainda entretida a ler Fernando Pessoa, deu-me desta vez atenção e perguntou:
- Podes repetir a pergunta?
Só então me dei conta de que já tinha esquecido.
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Tommaso, meu primo italiano
Através do blog Podeisso (*) chega a notícia :
Tommaso é um gato preto de quatro anos que tinha tudo para 'dar' errado na vida, se acreditasse em superstições. Mas aconteceu exatamente o contrário. Ele acaba de herdar cerca de 10 milhões de euros (R$ 24 milhões) de sua dona, identificada apenas como uma viúva de 94 anos de idade. A idosa morreu na Itália em novembro e deixou para o gatinho essa humilde fortuna.
O testamento foi escrito um ano antes da velhinha morrer. Ela havia pedido para seus advogados que procurassem uma entidade protetora, mas nenhuma foi aprovada. A viúva conheceu então Stefania, uma enfermeira que também gostava de animais.
Stefania acabou trabalhando com a senhora e com Tommaso até a morte dela, quando descobriu que havia herdado os milhões para cuidar adequadamente do gato 'orfão'.
Preciso conferir se Tommaso não é meu parente. Se à noite todos os gatos são pardos, todos os gatos pretos tem parentesco.
(*) http://br.omg.yahoo.com/blogs/podeisso/
Tommaso é um gato preto de quatro anos que tinha tudo para 'dar' errado na vida, se acreditasse em superstições. Mas aconteceu exatamente o contrário. Ele acaba de herdar cerca de 10 milhões de euros (R$ 24 milhões) de sua dona, identificada apenas como uma viúva de 94 anos de idade. A idosa morreu na Itália em novembro e deixou para o gatinho essa humilde fortuna.
O testamento foi escrito um ano antes da velhinha morrer. Ela havia pedido para seus advogados que procurassem uma entidade protetora, mas nenhuma foi aprovada. A viúva conheceu então Stefania, uma enfermeira que também gostava de animais.
Stefania acabou trabalhando com a senhora e com Tommaso até a morte dela, quando descobriu que havia herdado os milhões para cuidar adequadamente do gato 'orfão'.
Preciso conferir se Tommaso não é meu parente. Se à noite todos os gatos são pardos, todos os gatos pretos tem parentesco.
(*) http://br.omg.yahoo.com/blogs/podeisso/
sábado, 10 de dezembro de 2011
Kafka à Beira Mar
Agora estou muito ocupada em ler.
Preciso, antes de mais nada, saber se o livro tem alguma coisa a ver comigo. De início tem Kafka ( meu autor predileto) e a minha foto.
Assim que esclarecer estes pontos e estiver mais dispónível volto a escrever.
Abraço a todos
SUETO
.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Viagem a Portugal
Outro dia deparei-me com a Sueto olhando esta foto.
- Que foto é esta? , perguntei-lhe.
- Ora, mas então não sabes?
Notei algo diferente na forma como Sueto pronunciou a pergunta, mas não pude detectar do que se tratava.
- Te confesso que não estou me situando.
- É de minha viagem a Portugal.
- A Portugal?
Sabia que Sueto, num dado momento de sua vida, tinha feito uma viagem mas não sabia que tinha ido a Portugal.
- E como foi, gostaste?
- Muito... achei os gatos de lá muito cultos.Na foto estou fazendo a saudação felina a um deles.Podia até conversar de literatura.
- Literatura?!
- Sim, claro, qual o espanto?
- Nada, nada, é que não é muito comum gatos gostarem de literatura.
- Em Portugal, sim. Em parte deve ser decorrência dos grandes escritores que tem.
- Tens razão.
- Pois.
- Pois, o quê?
- Nada, estou aqui a pensar.
Decidi não insistir. A foto parecia lhe trazer lembranças muito vívidas e Sueto, já agora totalmente mergulhada em seu mundo particular,não iria mais me dar atenção.
foto Flora Vasconcelos - Portugal
.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
As Máscaras de Veneza
Sueto tem uma predileção toda especial por Veneza.
Já tinha comentado com ela que fiquei com a impressão de que Veneza tinha me parecido um ambiente propício para gatos e, embora isto possa ter mudado, lembro de vê-los presentes em muitas situações.
Há muitas coisas na atmosfera da cidade com as quais Sueto se identifica. As vielas estreitas, os canais, as pontes, o casario antigo, Vivaldi, Casanova, Thomas Mann e a Morte em Veneza de Visconti.
Mas, em particular, há também o Carnaval e o seu clima de farsa, de teatro.
É um momento de metamorfoses, de invasão de seres híbridos, surgidos misteriosamente de sob a superfície do cotidiano.
São seres os mais variados, normalmente apenas poéticos, outros, no entanto, bem bizarros, meio gente, meio animais.
Alguns visivelmente são humanos e apenas recobrem o rosto com uma máscara. Mas, em certos casos, fica no ar um mistério. Sueto se sente atraída de tal forma por Veneza que imagino se não teria com a cidade um vínculo mais forte. É quando, levado talvez pela imaginação, tenho a sensação de que os seres que me olham por detrás das máscaras, seres que noutras circunstância nos pareceriam absolutamente desprovidos de mistério, escondem alguma revelação, alguma relação mais profunda com a natureza.
Tenho a sensação , até mesmo, que em algum momento é a própria Sueto a me fitar com um olhar enigmático, ao mesmo tempo felino mas também evocativo de outro reino.
É quando me vem à mente os versos de Rilke.
Est-il d'ici ? Non, des deux. empires naquit sa vaste nature.
.
Já tinha comentado com ela que fiquei com a impressão de que Veneza tinha me parecido um ambiente propício para gatos e, embora isto possa ter mudado, lembro de vê-los presentes em muitas situações.
Há muitas coisas na atmosfera da cidade com as quais Sueto se identifica. As vielas estreitas, os canais, as pontes, o casario antigo, Vivaldi, Casanova, Thomas Mann e a Morte em Veneza de Visconti.
Mas, em particular, há também o Carnaval e o seu clima de farsa, de teatro.
É um momento de metamorfoses, de invasão de seres híbridos, surgidos misteriosamente de sob a superfície do cotidiano.
São seres os mais variados, normalmente apenas poéticos, outros, no entanto, bem bizarros, meio gente, meio animais.
Alguns visivelmente são humanos e apenas recobrem o rosto com uma máscara. Mas, em certos casos, fica no ar um mistério. Sueto se sente atraída de tal forma por Veneza que imagino se não teria com a cidade um vínculo mais forte. É quando, levado talvez pela imaginação, tenho a sensação de que os seres que me olham por detrás das máscaras, seres que noutras circunstância nos pareceriam absolutamente desprovidos de mistério, escondem alguma revelação, alguma relação mais profunda com a natureza.
Tenho a sensação , até mesmo, que em algum momento é a própria Sueto a me fitar com um olhar enigmático, ao mesmo tempo felino mas também evocativo de outro reino.
É quando me vem à mente os versos de Rilke.
Est-il d'ici ? Non, des deux. empires naquit sa vaste nature.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
As Time Goes By
Surpreendi Sueto novamente submergida em suas pequenas depressões a ouvir As Time Goes By.
Tenho quase certeza de que deve estar a lembrar de algum namorado mas , até hoje, nunca me revelou nada a respeito de sua vida amorosa.
Tudo que sei é que deve ter tido uma ou duas paixões bem fortes pois nas duas ocasiões, para meu desespero, desapareceu por um par de semanas e nas duas retornou grávida.
A primeira ninhada, 3 filhores, perdeu atacada por um cão traiçoeiro que tinha em casa.
A segunda, creio que 7 filhotes, fui doando gesto do qual me arrependo pois não fiquei com nenhum deles.
Sueto talvez se ressinta disto também, de não ter agora que já não é uma mocinha, uma cria sua. Como não sou mulher talvez, também, deve haver um território dos sentimentos de Sueto no qual não consigo penetrar e não posso, assim, ajudá-la como devia.
O pior é que vendo Sueto assim, também eu me sinto triste.
E evito de olhá-la nos olhos não só para não me sentir ainda mais culpado como para evitar constatar, por mais improvável que possam achar, que há lágrimas em seus olhos.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Os Dilemas de Sueto
De seu círculo de relações felinas Motzie e Ellen são fêmeas sem falar de Falujah, é claro. O único macho, Nermal, na foto acompanhando o blog da Sueto, é castrado, talvez gay.
Resta Feijão mas está muito longe e não tem tido notícias dele.
Com Motzie teve uma espécie de atração que a deixou um pouco abalada.
No telhado há muito tempo não aparece nenhum pretendente e, eventualmente, algum que tenha aparecido foi prontamente rechaçado por P.R. que pretende ser seu guardião.
Considerando que se torna cada vez mais difícil conseguir parceiros Sueto procura minimizar o fato ou procura se dedicar a atividades que ocupem o seu tempo.
Mas acaba as deixando de lado entregando-se a longas horas de sono.
Não tem, por exemplo, se dedicado muito a escrever como fazia anteriormente.
Felizmente não fuma nem bebe, a não ser, quando está muito deprimida, meia tijela de leite com rum. Nestes momentos exagera também no patê de atum.
Ultimamente encontrou umas amigas humanas que tem ajudado a mantê-la animada. São amigas descontraídas, abertas e que a receberam, sem preconceito por ela ser felina, em seu círculo de conversas.
Mas Sueto parece, depois de muito tempo, que despertou novamente para sua sexualidade e dá demonstrações de querer encontrar um parceiro.
Dá-me até a impressão de não fazer grandes exigências. Fidelidade, vigor físico já não seriam tão importantes. Parece-me que a única coisa de que não abriria mão é que este gato tivesse um certo charme e pudesse ter com ela uma conversa que ultrapassasse meras observações banais.
Também não pretende para encontrá-lo ficar batendo pernas pelos telhados.
Queria encontrá-lo quando menos se esperasse, talvez até recolhido da rua como foi o seu próprio caso, ou surgido inesperadamente noutras bandas como Gardel, o devorador de preás.
Acho que é até com Gardel que sonha quando, no meio do sono, tem pequenos sobressaltos e murmura algumas coisas que não consigo entender.
Mas, apesar dos sobressaltos, dá-me a impressão de ser um sonho agradável pois, quando os tem, sempre acorda mais cedo e mais disposta.
É até uma pena que não os tenha todas as noites.
.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
O Retiro de Sueto
Ainda não sei exatamente definir o que anda sucedendo com Sueto.
Sem nenhum motivo aparente voltou, depois, de muito tempo, a ouvir cânticos litúrgicos.
Perguntei-lhe o que estava sucedendo mas não me respondeu.
Apenas me disse que ia rezar pela alma de suas amigas do facebook.
Me disse também que ia orar por Motzie, Ellen e Mitiontia.
Esta gata só me surpreende...
Sem nenhum motivo aparente voltou, depois, de muito tempo, a ouvir cânticos litúrgicos.
Perguntei-lhe o que estava sucedendo mas não me respondeu.
Apenas me disse que ia rezar pela alma de suas amigas do facebook.
Me disse também que ia orar por Motzie, Ellen e Mitiontia.
Esta gata só me surpreende...
domingo, 30 de outubro de 2011
Quartetos de Beethoven
Os quartetos de Beethoven dão a sensação de representarem um tipo de conversa com o Destino.
Por momentos, aqueles que duram a audição, alguma coisa muito poderosa se desvenda mas ao mesmo tempo se esconde à medida que o concerto avança,
O que há de se passar antes que chegue ao fim?
E vai chegar ao fim?
Este fim, por sua vez, representa o quê?
Para um simples concerto que depois de uns poucos minutos se encerra, o que se manifesta é um tipo de magia que nos transporta para os limites de nossa humana capacidade de percepção e sensibilidade.
É uma experiência a um tempo gloriosa e dolorosa na medida em que o enlevo da música se apresenta entrelaçado com a consciência não só de nossos pobres dotes de adentrar inteiramente as fronteiras deste mundo etéreo mas, particularmente, de nossa condição existencial.
É como chegar ao cume de uma longa escalada e tomarmos consciência , ali no topo da montanha tão ardentemente almejado, que chegamos ao nosso limite e só encontrarmos em torno a nós o grande vazio das cordilheiras perfiladas ao infinito.
Sem asas para voar mas tampouco sem ver sentido em voltar à condição humana que deixamos para trás.
.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Os Gatos de Hemingway
Sueto hoje passou o dia pensativa. Falujah , a hóspede, como é de costume fica andando de um lado para o outro sem encontrar um paradeiro. Num dado momento está quase arrombando a porta que dá acesso à escada que leva ao terraço e, no momento seguinte, está fazendo o caminho inverso e novamente forçando a porta para entrar.
Sueto acompanha esta agitação indiferente.
Apenas consegui chamar um pouquinho sua atenção quando falei de Hemingway.
Muito americano embora tivesse vivido em Paris e adorasse Cuba..
Adorava touradas, armas e aventuras. Fazia dele próprio um personagem literário e escrevia novelas ao gosto do cinema americano, não é por acaso que várias viraram filmes.
De seus livros Adeus às Armas tem um tom narrativo que envolve. Além disto é uma história de amor e uma confissão de fé pacifista.
Talvez me dispusesse a ler de novo.
Mas o que Sueto mais demonstra gostar em Hemingway é a história da casa em que morava em Key West. Contei-lhe que quando a visitei a casa estava rodeada de gatos. Este detalhe a encantou. Embora não tenha me revelado talvez intimamente quisesse ser um destes guardiões .
A lembrança de Hemingway me surgiu porque tinha lido seu nome ( e o de Cocteau) no facebook de Motsie.
Mas Motsie não gosta de Hemingway
Pelo menos é que foi possível deduzir deste texto aparentemente escrito por sua procuradora.
Motzie harbours an abiding hatred for Hemingway and calls him "an old sexist fraud." She is very fond of Colette and Chekhov and on occasion she dips into Tolstoy.
When I say that not all of hemingway is pi's swill, as she argues, Motzie responds with, "Quod erat demonstrandum." Com Motzie nao se pode.
Last nigh she ate mooncakes and wrote poems to the Moon Rabbit. Very unHemingwayan pursuits.
Descubro, assim, que as leituras de Motsie incluem Colette, Tchekov e avançam em Tolstoi.
Parece que gosta dos russos, talvez Dostoievski, Maiakovski...
Preciso ter cuidado ao falar disto para que Sueto não tenha uma reação inesperada mas começo a acreditar que ela está se sentindo atraída por Motzie.
Uma queixa que mais de uma vez deixou escapar é de que não encontra um gato com seus gostos culturais. Nem, principalmente, com seu senso de humor e sua incontível ironia.
Mas já a alertei para não se deixar levar por impulso. Motzei, já averiguei, tem algumas relações políticas um pouco nebulosas pelo Oriente Médio e um caso de ataque, não inteiramente esclarecido, ao cachorro do vizinho.
Sueto acompanha esta agitação indiferente.
Apenas consegui chamar um pouquinho sua atenção quando falei de Hemingway.
Muito americano embora tivesse vivido em Paris e adorasse Cuba..
Adorava touradas, armas e aventuras. Fazia dele próprio um personagem literário e escrevia novelas ao gosto do cinema americano, não é por acaso que várias viraram filmes.
De seus livros Adeus às Armas tem um tom narrativo que envolve. Além disto é uma história de amor e uma confissão de fé pacifista.
Talvez me dispusesse a ler de novo.
Mas o que Sueto mais demonstra gostar em Hemingway é a história da casa em que morava em Key West. Contei-lhe que quando a visitei a casa estava rodeada de gatos. Este detalhe a encantou. Embora não tenha me revelado talvez intimamente quisesse ser um destes guardiões .
A lembrança de Hemingway me surgiu porque tinha lido seu nome ( e o de Cocteau) no facebook de Motsie.
Mas Motsie não gosta de Hemingway
Pelo menos é que foi possível deduzir deste texto aparentemente escrito por sua procuradora.
Motzie harbours an abiding hatred for Hemingway and calls him "an old sexist fraud." She is very fond of Colette and Chekhov and on occasion she dips into Tolstoy.
When I say that not all of hemingway is pi's swill, as she argues, Motzie responds with, "Quod erat demonstrandum." Com Motzie nao se pode.
Last nigh she ate mooncakes and wrote poems to the Moon Rabbit. Very unHemingwayan pursuits.
Descubro, assim, que as leituras de Motsie incluem Colette, Tchekov e avançam em Tolstoi.
Parece que gosta dos russos, talvez Dostoievski, Maiakovski...
Preciso ter cuidado ao falar disto para que Sueto não tenha uma reação inesperada mas começo a acreditar que ela está se sentindo atraída por Motzie.
Uma queixa que mais de uma vez deixou escapar é de que não encontra um gato com seus gostos culturais. Nem, principalmente, com seu senso de humor e sua incontível ironia.
Mas já a alertei para não se deixar levar por impulso. Motzei, já averiguei, tem algumas relações políticas um pouco nebulosas pelo Oriente Médio e um caso de ataque, não inteiramente esclarecido, ao cachorro do vizinho.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Mitiontia
...Mitiontia chegou num anoitecer chuvoso.Passou a tarde toda dentro de uma bolsa, até pequena, da antiga faxineira do prédio, que chegando aqui abriu e tirou aquela coisinha pequeninha .
A principio não ficaria com ela.....mas depois do primeiro miado, rouco, mais parecendo uma buzina estranha e uma tentativa de entrar no espelho e na tv, ficou.. Seu nome é Anne Marie , mas pelas tontices virou Mitiontia ( minha tonta). É muito ciumenta , fiel , amorosa com a dona...tem o hábito de dormir abraçadinha com a cabeça para fora das cobertas como a gente.... adora ser escovada e mimada. Aqui ela reina , assim é a Rainha...terça-feira, 6 de setembro de 2011
"Think carefully...."
Sueto acordou no meio da noite sobressaltada.
- Que foi? perguntei-lhe meio sonolento. - Mais um de seus pesadelos?
Sueto tem tido sonhos intranquilos.
Segundo me revelou o que mais a tem perturbado é o pesadelo de que acorda transformada em um ser monstruoso.
-- Uma barata? perguntei-lhe inicialmente para não fugir de seus pendores literários.
-- Não, revelou-me, algo muito mais horrível.
Tinha demorado um tempo, depois de ter tido o mesmo pesadelo algumas vezes, para que eu entendesse que o "ser monstruoso" no qual temia se acordar transformada, era um humano.
-- Mas os humanos são monstruosos assim? ainda tentei argumentar para contestar a razão de sua perturbação.
Sueto nem me respondeu o que me fêz concluir que, efetivamente, devem ser.
Sequer tentei argumentar, dentro do terreno que lhe agrada, que o fenômeno poderia ter alguma coisa a ver com suas leituras, de Kafka especialmente.
Mas o motivo da perturbação de Sueto esta noite era outro.
Era uma mensagem que acabara de receber e que, tão logo adquiri consciência saindo de meu sono, me mostrou. Dizia apenas:
"Think carefully. Com Motzie não se brinca."
-- Motzie, quem é Motzie? ainda perguntei mas logo que me arrependi.
Sueto não respondeu .
Em vez disto, me cravou um olhar tão aterrorizante que, instado pela sua força e pelo seu desespero, em seguida me dei conta.
Motzie, o gato que dá sumiço em cães!
Agitado me levantei e permanecemos, eu e Sueto, o resto da noite insones.
E não houve mais nada, nem mesmo herbal tea , que pudesse nos trazer de volta a tranquilidade.
Isto é o que dá, pensei comigo mesmo, ficar mexendo com a natureza íntima das coisas.
- Que foi? perguntei-lhe meio sonolento. - Mais um de seus pesadelos?
Sueto tem tido sonhos intranquilos.
Segundo me revelou o que mais a tem perturbado é o pesadelo de que acorda transformada em um ser monstruoso.
-- Uma barata? perguntei-lhe inicialmente para não fugir de seus pendores literários.
-- Não, revelou-me, algo muito mais horrível.
Tinha demorado um tempo, depois de ter tido o mesmo pesadelo algumas vezes, para que eu entendesse que o "ser monstruoso" no qual temia se acordar transformada, era um humano.
-- Mas os humanos são monstruosos assim? ainda tentei argumentar para contestar a razão de sua perturbação.
Sueto nem me respondeu o que me fêz concluir que, efetivamente, devem ser.
Sequer tentei argumentar, dentro do terreno que lhe agrada, que o fenômeno poderia ter alguma coisa a ver com suas leituras, de Kafka especialmente.
Mas o motivo da perturbação de Sueto esta noite era outro.
Era uma mensagem que acabara de receber e que, tão logo adquiri consciência saindo de meu sono, me mostrou. Dizia apenas:
"Think carefully. Com Motzie não se brinca."
-- Motzie, quem é Motzie? ainda perguntei mas logo que me arrependi.
Sueto não respondeu .
Em vez disto, me cravou um olhar tão aterrorizante que, instado pela sua força e pelo seu desespero, em seguida me dei conta.
Motzie, o gato que dá sumiço em cães!
Agitado me levantei e permanecemos, eu e Sueto, o resto da noite insones.
E não houve mais nada, nem mesmo herbal tea , que pudesse nos trazer de volta a tranquilidade.
Isto é o que dá, pensei comigo mesmo, ficar mexendo com a natureza íntima das coisas.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Motzie se desvenda
Motzie, valendo-se anteriormente , desconfio, de uma tática elusiva, retorna através de sua porta-voz dizendo que quem se fazia passar por ela é, de fato, Camille sua irmã (foto anterior). Eis o texto:
Motzie is sorry to hear that Gata Sueto has bad dreams. She suggests herbal tea at bedtime. As for the monstrous human being, she recommends that Gata Sueto do what she does--knead a sensitive part without retracting her claws.
That usually takes care of the problem. She includes her photo and she apologises for her inept slave who did explain that the previous likeness was that of her sister Camille.
Now she excuses herself in order to pursue the Sausage from Hell. She thinks she can echolocate him easily.
Ao final da leitura eu e Sueto nos entreolhamos. Ambos sabemos que não se pode confiar nas gatas embora, muito menos, nos humanos.Por isto, talvez, tenhamos alcançado este grau de confiança entre nós porque, de certa forma, nos tornamos seres híbridos sem sermos nem uma coisa nem outra.
Motzie
Ha-Motzie asked me to tell you that she feels honoured by Gata Sueto's interest, but her contract with the The Office, in Tel Aviv, does not allow her to to work as a body guard for private individuals. That, however, does not keep her from making friends with Gata Sueto.
She is in very good terms with Doobie, a large black cat of uncertain parentage and Camille, an aristocratic, apple-headed Siamese.
She hers is a "pure half Siamese" and she does not discriminate against anyone other than The Sausage Dog from Hell.
She adds that Camille, who is a free agent, is trained in Asian martial arts. Unfortunately she lives in New England, which makes the value her body guard services to Gata Sueto somewhat dubious.
P.S.- Cabe esclarecer que a correspondência em questão refere-se a uma consulta feita por Sueto a respeito de contar com os serviços de inteligência de Motzie, expert em assuntos do Oriente Médio e segundo fontes, responsável por silenciar a Salsicha Infernal. Embora esta possibilidade não tenha se concretizado em razão de compromissos assumidos por Motzie, o contato propiciou que Sueto e Motzie se aproximassem. Nas palavras de Madame Castelar, encarregada de seus assuntos humanos,"Motzie now has a friend in Brazil, a literary cat called Gata Sueto. That is why Motzie looks so smug. She cannot read Portuguese but her Hebrew is superb. So is her body language"
She is in very good terms with Doobie, a large black cat of uncertain parentage and Camille, an aristocratic, apple-headed Siamese.
She hers is a "pure half Siamese" and she does not discriminate against anyone other than The Sausage Dog from Hell.
She adds that Camille, who is a free agent, is trained in Asian martial arts. Unfortunately she lives in New England, which makes the value her body guard services to Gata Sueto somewhat dubious.
P.S.- Cabe esclarecer que a correspondência em questão refere-se a uma consulta feita por Sueto a respeito de contar com os serviços de inteligência de Motzie, expert em assuntos do Oriente Médio e segundo fontes, responsável por silenciar a Salsicha Infernal. Embora esta possibilidade não tenha se concretizado em razão de compromissos assumidos por Motzie, o contato propiciou que Sueto e Motzie se aproximassem. Nas palavras de Madame Castelar, encarregada de seus assuntos humanos,"Motzie now has a friend in Brazil, a literary cat called Gata Sueto. That is why Motzie looks so smug. She cannot read Portuguese but her Hebrew is superb. So is her body language"
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